Estudo aponta vínculo genético na orientação sexual masculina
Estudo da Universidade de North Shore sobre a associação do genoma completo revela evidências que apontam vínculo genético na orientação sexual masculina
Um estudo preliminar divulgado na quinta-feira (7) sobre a associação do genoma completo sugere que poderia haver um vínculo genético que contribui parcialmente para a orientação sexual masculina.
A pesquisa, divulgada no último número da revista científica Nature, foi liderada por Alan Sanders, da equipe do Instituto de Pesquisa de Sistemas de Saúde da Universidade de North Shore, em Illinois (Estados Unidos).
Embora as descobertas expostas revelem que há diferenças genéticas que poderiam ter funções associadas com a orientação sexual, os autores advertem que as potenciais conexões são, a esta altura, somente especulativas.
O texto indica que a orientação sexual masculina depende de “vários fatores” e que se têm encontrado evidências que apontam para que essa tendência seja influenciada por múltiplas contribuições genéticas e ambientais.
Concretamente, a genética no seu conjunto poderia contribuir “em cerca de 30%” e, dentro dessa porcentagem, haveria, provavelmente, muitas outras contribuições diferentes, destacou Sanders em declarações à Efe.
O estudo afirma também que as pesquisas prévias de associação genética sobre a orientação sexual masculina foram dispersas.
Sanders e um equipe de especialistas do citado centro acadêmico fizeram testes nos quais participaram 1.077 homens homossexuais e 1.231 heterossexuais, principalmente de procedência europeia.
Os autores detectaram várias regiões com múltiplos polimorfismos de um só nucleotídio (mudanças de uma letra no DNA), e as mais proeminentes foram localizadas nos cromossomos 13 e 14 próximos aos genes, com funções que foram relevantes no desenvolvimento da orientação sexual.
Segundo isto, a região onde se aloja o cromossomo 13 se localiza entre os genes denominados SLITRK6 e SLITRK5.
O primeiro é um gene do neurodesenvolvimento, que se expressa majoritariamente numa região do cérebro chamado diencéfalo, que contém uma área que, nos homens, difere no seu tamanho, dependendo da orientação sexual destes.
No cromossomo 14, o gene chamado TSHR (receptor do hormônio estimulante da tireoide) expande a região ao redor dos polimorfismos de um só nucleotídio mais significativo.
A pesquisa indica que as variantes genéticas do TSHR poderiam ajudar a explicar as descobertas realizadas no passado que relacionavam a função atípica da tireoide com a homossexualidade masculina.
Segundo Sanders, no que se refere a este tipo de estudo, o seu é o primeiro que se centra na orientação sexual em publicações científicas, se bem que antecipa que nos próximos meses ou anos serão divulgados outros sobre este tema.
Os autores também advertem que o tamanho modesto da sua amostragem para obter suas descobertas representa uma limitação, da mesma forma que o fato de que se tenham centrado somente em um grupo ancestral, o dos europeus.
EFE