Manifestantes pró-Lula presos tiveram casa revirada e pichada pela polícia
Manifestantes presos após os protestos de indignação e repúdio à condenação de Lula tiveram casa revirada e pichada pela polícia no RS
Nota do Levante Popular da Juventude:
Nós, do Levante Popular da Juventude, entendemos que a prisão de nossos militantes no dia 24 de janeiro de 2018 está no contexto de implementação de um Estado de Exceção no nosso país, que ficou mais evidente com o golpe de Estado contra a democracia através do impeachment da Presidenta Dilma em 2016, e a recente condenação política do ex-presidente Lula pelo TRF-4 sem provas.
Na noite do dia 24, após as manifestações de indignação e repúdio à condenação de Lula em Porto Alegre, 26 jovens foram surpreendidos com atuação truculenta da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul. Soldados armados e sem mandado de busca e apreensão invadiram a casa de um dos jovens, reviraram seus pertences, picharam as paredes com mensagens de provocação e ódio, agrediram, intimidaram e conduziram arbitrariamente o grupo de jovens que lá se encontrava, para o 3° Departamento de Polícia de Porto Alegre.
A prisão contou a “cobertura” exclusiva da RBSTV, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, que já estava à espera dos militantes quando estes chegaram ao 3º DP e filmou toda a ação da polícia dentro da delegacia, para constranger e expor os jovem. Trata-se de mais uma ação articulada e ilegal entre a grande mídia e setores do Judiciário.
Os 26 jovens ficaram por cinco horas detidos dentro do camburão, submetidos aos abusos da polícia até finalmente a ação solidária de ativistas e advogados conseguir a liberação de dez deles, incluindo um comunicador ativista do Mídia Ninja. Dezesseis permaneceram detidos até a manhã do dia posterior e foram injustamente indiciados por crimes de formação de quadrilha, em seguida foi autorizada a condução deles aos presídios. Apenas no final da tarde do dia 25, após a persistência dos movimentos populares e advogados houve na libertação dos jovens, mas eles ainda responderão por estes supostos crimes.
O dia 24 de janeiro de 2018 representará um triste marco na história recente do nosso país. Um dia cuja lembrança servirá única e exclusivamente para garantir que não tenhamos que vive-lo de novo. Quando as liberdades democráticas e as garantias fundamentais são relativizadas por qualquer autoridade não podemos ter nenhuma dúvida de que estamos vivendo um Estado de Exceção.
Contudo, ao passo que a criminalização avança, também cresce a indignação e a resistência popular. Foram 70.000 pessoas no ato em Porto Alegre, que reuniu caravanas de todos os estados que ficaram acampadas por três dias na capital gaúcha. Entre os dias 22 e 24 de fevereiro, em todos os estados do Brasil, ocorreram manifestações piquetes, trancamentos, marchas, comitês em defesa da democracia, em bairros, escolas, universidades em defesa da democracia e do povo.
Temos plena consciência de que essa tentativa de criminalização tem como único objetivo a intimidação e o silenciamento da juventude diante das injustiças e dos retrocessos que esse golpe quer nos impor. Mas não nos calaremos! Vamos lutar até o fim para que tenhamos o direito de escolher o nosso candidato a presidente, que não vamos deixar que seja usurpado por juízes que não têm qualquer compromisso com o povo e com o país.
Resistiremos, lutaremos e manifestaremos nossa revolta para ascender a consciência, mobilizar e organizar a juventude brasileira para a construção de um projeto popular para o país, que tem como primeiro passo a retomada da democracia. Não nos silenciaremos diante de qualquer tipo de repressão e convidamos toda a juventude para estar nas ruas em luta!
Levante Popular da Juventude
26 de janeiro de 2017