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Ex-deputado Carli Filho é condenado, mas vai recorrer em liberdade

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Julgamento de Carli Filho por assassinato no trânsito chega ao fim após dez anos de angústias. Júri decidiu pela condenação do ex-deputado a 9 anos e 4 meses de prisão, mas ele vai recorrer em liberdade. Entenda a sentença

Imagens mostram o que sobrou dos veículos após acidente. Em cima, Carli Filho, abaixo, as vítimas Carlos Murilo e Gilmar Rafael Yared (Reprodução/Congresso em Foco)

Quase dez anos depois de provocar o acidente de carro que matou os jovens Gilmar Rafael de Souza Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, o ex-deputado estadual do Paraná Luiz Fernando Ribas Carli Filho foi condenado em júri popular a 9 anos e 4 meses de prisão, por duplo homicídio com dolo eventual.

O julgamento foi realizado nesta terça (27) e quarta-feira (28), na 2ª Vara Privativa do Tribunal do Júri, em Curitiba. Mas, apesar da condenação, Carli Filho não será preso imediatamente e deve recorrer da decisão em liberdade (relembre aqui o 1º dia de julgamento).

Os dois jovens mortos no acidente estavam em um Honda Fit atingido em alta velocidade pelo Volkswagen Passat conduzido pelo então parlamentar, que, segundo as investigações feitas à época, estava entre 161 e 173km/h, embriagado e com a carteira de habilitação suspensa, com 130 pontos acumulados em 30 multas – 23 delas por excesso de velocidade.

O promotor Marcelo Balzer afirmou que a pena ficou dentro do esperado. “Beber e dirigir não é uma banalidade, e a República de Curitiba [sic] se fez representar mais uma vez no conselho de sentença”, definiu.

O também promotor Paulo Sérgio Markowicz endossou as palavras do colega. “Como representantes da sociedade, estamos satisfeitos porque não se tratava de um crime comum”.

A deputada federal Christiane Yared (PR), mãe de uma das vítimas, chorou após o resultado ser proferido e disse que continuará lutando para que crimes de trânsito não sejam banalizados.

“Minha vontade era poder abraçar meu filho”, disse ela. “Ainda tem muito o que ser feito. Tem muita luta a ser lutada, muitas batalhas a serem vencidas. Essa é a sensação de que não acaba aqui. Porque tem outros, e enquanto tiver outros, teremos nós. Se a dor do meu irmão não me incomodar, terá algo errado comigo”.

Na saída, os familiares dos jovens mortos no acidente foram cumprimentados aos gritos de “vitória!” por outros pais e mães que perderam seus filhos em acidentes causados por pessoas embriagadas. Eles acompanharam o julgamento do lado de fora do Tribunal do Júri desde cedo.

O advogado de Carli Filho, Roberto Brezinski Neto, disse discordar da pena e avisou que a defesa recorrerá da decisão. “A defesa em momento algum pediu a absolvição (…) Compreendíamos a responsabilidade dele, ele mesmo compreendia, confessou alguns fatos no julgamento. Então, evidentemente que aguardávamos outro resultado”, afirmou.

“Não concordamos com a pena, sendo o réu primário e com bons antecedentes, portanto, pelo dolo, a pena fixada deveria ter sido pelo mínimo legal”.

A sentença foi lida durante 24 minutos, a partir das 17h08 de hoje, pelo juiz Daniel Avelar após os debates entre acusação e defesa.

Para os jurados (cinco mulheres e dois homens) que compuseram o júri popular iniciado ontem à tarde no Tribunal do Júri de Curitiba, Carli Filho cometeu duplo homicídio com dolo eventual porque assumiu os riscos de matar, dadas as condições de embriaguez e velocidade com que conduzia.

A defesa do ex-parlamentar trabalhou até o último momento para que ele fosse julgado por duplo homicídio culposo (ou seja, sem intenção de matar) decorrentes de crime de trânsito, mas a tese acabou refutada.

O juiz observou que Carli Filho “foi intensamente advertido para não dirigir”, falava ao celular enquanto dirigia e era ocupante de mandato e “pessoa inteligente e culta” o suficiente para compreender o erro das condutas.

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