O animador de programa semanal, Luciano Huck, tem tudo para ser a representação esculpida e encarnada daquela velha ressaca moral que geralmente dá nos mais afoitos foliões do período carnavalesco
Carlos Fernandes, DCM
O animador de programa semanal, Luciano Huck, tem tudo para ser a representação esculpida e encarnada daquela velha ressaca moral que geralmente dá nos mais afoitos foliões do período carnavalesco.
Imberbes nos bacanais em homenagem ao deus Baco onde recatos e pudores inexistem, não é raro que os excessos praticados sob a má influência do álcool e demais paraísos artificiais sejam imediatamente sucedidos pela vergonha daquilo que em sã consciência jamais poderia ter sido feito.
Pois bem.
Intimado pelo seu chefe mundano, a Globo, Huck deu o prazo para logo depois do carnaval o anúncio se aceitará ou não concorrer à presidência da República.
O que parece um déjà vu, é só falta de palavra mesmo.
Essa não é a primeira vez que o rapazinho “decide” sobre sua candidatura. Num artigo tão cínico quanto vago publicado na Folha de S.Paulo, o atual prodígio de FHC já havia proclamado ao som de trombetas e clarins: “Contem comigo. Mas não como candidato a presidente”.
Tão válida quanto um risco n’água, a “decisão” de Huck de não ser candidato volta à pauta política nacional não pela sua expressão, mas justamente pela inexpressividade dos demais postulantes da direita na corrida presidencial.
Acontece que uma vez que decida seguir em frente, a mentira já contada para os brasileiros passa também a ser a mentira contada para o TSE.
Na defesa que fez pela representação movida pelo PT pelo seu comício em cadeia nacional no Domingão do Faustão, está lá: “Luciano Huck em instante algum apresentou-se como candidato, não pediu voto a quem quer que seja e reitera, como dito anteriormente, que não será candidato no pleito de 2018”.
Será didática a postura a ser tomada pelo paladino Luiz Fux, que tão severo se posta contra a candidatura de Lula, quando restar claro que qualquer palhaço de circo pode dizer o que quiser para o TSE e logo em seguida exigir o seu registro.
Esse é o “novo” que o velho Fernando Henrique nos apresenta.
Vivemos hoje no Brasil uma mazela generalizada criada por uma horda de borrachões inconsequentes. Passado o carnaval, esses dias em que nos damos licença para ligar o foda-se, a nossa atual realidade costuma aparecer ainda mais nua e crua.
Caídas por terra a fantasia de que vivemos num país cordial, feliz e democrático, entre dores de cabeça, desemprego e contas a pagar, a nossa maior ressaca moral deste ano pode atender pelo nome de Luciano Huck.
Que caldeirão nos espera!
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