"Você vai morrer aqui, hoje". Lutador profissional persegue e ataca violentamente sua ex-noiva pela segunda vez. A vítima já fazia tratamento pós-traumático por conta do outro espancamento. Agressor ameaçou mandar matá-la caso ela fizesse qualquer denúncia ou ele fosse preso
Marlon Sandro, lutador profissional de MMA (Artes Marciais Mistas), perseguiu e atacou violentamente a sua noiva Tayssa Madeira na última semana.
O Registro de Ocorrência policial da agressão relata ameaça de morte com uma faca e tentativa de sufocamento com um travesseiro na residência de Tayssa no último dia 9 de fevereiro, sexta-feira de carnaval.
Não foi a primeira vez. Tassya já havia sido espancada pelo ex-noivo no meio da rua, no Rio de Janeiro, no dia 14 de dezembro de 2016. Por esta razão, ela vem fazendo tratamento pós-traumático.
Segundo sua família, ela vem sendo mantida sedada e está muito abalada com o ocorrido, e com medo de retaliações por parte do lutador, que ameaçou mandar matá-la caso ela fizesse qualquer denúncia ou se ele fosse preso.
Pelas agressões de dezembro, Marlon Sandro foi enquadrado na Lei Maria da Penha, que tira da vítima a ingerência sobre o processo, uma vez que é comum que as pessoas agredidas voltem atrás e decidam retirar as queixas.
Pelo texto da lei, uma vez feita, a denúncia não deixa de existir mesmo que a vítima queira. O processo relativo à primeira agressão de Marlon Sandro a Tayssa Madeira, acontecida no dia 14 de dezembro, foi enviado ao Ministério Público na última terça-feira.
Acusado de tentativa de feminicídio, o lutador irá a Júri Popular e pode ser condenado a até 20 anos de prisão. Na última terça-feira, Marlon divulgou um vídeo em que se dizia arrependido, regenerado e pedia oportunidades para voltar a lutar.
Segundo Menandro Lobão, advogado da família de Tayssa, a situação de Marlon Sandro, que já era muito complicada judicialmente por conta da agressão feita em dezembro, se agravou ainda mais após a agressão feita na última semana.
“A delegada enquadrou o primeiro caso como tentativa de feminicídio. O processo chegou à 17ª Promotoria de Investigação Penal, que vai analisar se aceita o relatório da delegada e faz a denúncia ao juiz, para que o inquérito se torne um processo. No relatório, inclusive, já é citada a segunda agressão, ocorrida durante o carnaval. Isso vai corroborar a primeira agressão, o que pode agravar muito a situação do lutador”, relatou o advogado.
Detalhes da segunda agressão
De acordo com testemunhas e com o relatório policial, Marlon Sandro abordou Tayssa na rua, no fim da tarde, na sexta-feira de carnaval, dia 9 de fevereiro. Após a recusa dela em conversar, o lutador insistiu em acompanhá-la até a porta do prédio em que ela reside.
Ao chegar ao edifício, ele teria mandado que ela se calasse e entrasse junto com ele, pegando a sua bolsa. Após subirem para o apartamento, ela abriu a porta sob coação e ele entrou. A porta ficou aberta, e Sandro despiu-se e tomou banho.
Após insistir que ele fosse embora, Tayssa foi empurrada para dentro do apartamento e agredida pela primeira vez. Ela tentou fazer uma ligação do telefone fixo, mas o lutador tomou o telefone dela, arrancando os fios e as instalações de TV por assinatura da parede.
Aos gritos, ela pediu que ele não a agredisse. Sandro, então, sentou-se no sofá. Tayssa aproveitou um descuido do lutador e se trancou no quarto, fazendo uma ligação do seu celular para a polícia.
A ligação não chegou a ser completada, porque Sandro arrombou a porta do quarto, tomou o celular das suas mãos e a sufocou com um travesseiro, para abafar seus gritos e seu choro. Após a promessa de que ela se acalmaria, ele a soltou, mas foi à cozinha e pegou uma faca.
As testemunhas ouviram Sandro dizer a Tayssa a frase: “Escolhe pra quem você vai ligar: seu advogado, sua família ou pra polícia. Você acabou com a minha vida, e agora eu vou acabar com a sua. Você vai morrer aqui, hoje.”.
Com a faca na barriga, ela decidiu ligar para a mãe, que desconfiou do tom da ligação e se dirigiu, com o filho, para o apartamento.
Como havia blocos de carnaval desfilando na rua, a mãe e o irmão de Tayssa demoraram para chegar ao prédio. No caminho, a polícia foi alertada. Ao chegarem ao apartamento, a mãe de Tayssa e o irmão se depararam com Marlon Sandro. Após pedirem para que ele se retirasse, ele entregou a faca para a mãe de Tayssa e disse que, se ela quisesse matá-lo, poderia fazê-lo.
O lutador foi embora instantes depois. Tayssa foi levada para a DEAM (Delegacia de Atendimento à Mulher), no Centro do Rio de Janeiro, para que fosse feito o Registro de Ocorrência, e fosse criada a medida protetiva contra o lutador, o que foi feito com base na invasão de domicílio.
No sábado, através de um outro número de celular, Marlon Sandro fez ameaças a Tayssa, dizendo que, se ele for preso, mandará alguém matá-la. Tayssa vem sofrendo de problemas pós-traumáticos, e, segundo sua família, a psiquiatra que vem acompanhando-a diagnosticou um quadro similar à “Síndrome de Estocolmo“.
com informações de Tribuna do Paraná e Combate
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