Multidão foi às ruas nas principais cidades do Brasil para homenagear Marielle Franco e reivindicar Justiça. Com cartazes e gritos de guerra, os manifestantes pediram investigação rápida e punição dos culpados, além de criticar a violência e a intervenção federal no estado
Uma multidão foi às ruas nas principais cidades do Brasil para homenagear Marielle Franco e reivindicar Justiça. Com cartazes e gritos de guerra, os manifestantes pediram investigação rápida e punição dos culpados, além de criticar a violência e a intervenção federal no estado.
Principalmente na capital fluminense, terra natal da parlamentar, lágrimas e punhos cerrados contra o crime foram a resposta possível, ao menos por enquanto, à barbárie que ceifou a vida de Marielle, mulher negra e criada na periferia, e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes.
Em Brasília, no palco das decisões da Câmara, Marielle também esteve “presente” – a palavra de ordem “Marielle, presente!”, aliás, foi uma das mais ouvidas e pungentes do dia. Em plenário, no início do dia de protestos e despedidas Brasil afora, o ato para homenagear a socióloga por formação registrou instantes memoráveis de emoção.
Um exemplo foi o discurso de Luiza Erundina (Psol-SP), a experiente correligionária da vereadora. A intervenção da deputada de 83 anos, uma das mais antigas do Congresso, levou alguns dos presentes – inclusive servidores e repórteres que acompanharam a sessão – às lágrimas na sede do Legislativo federal.
“Não vão conseguir calar a voz da Marielle, que vai se reproduzir aos milhares e aos milhões por este país afora”, diz a parlamentar, pouco antes da exibição de um vídeo com a vereadora. “Marielle, você está presente! Você não morre nunca!”.
Também teve luta e comoção em São Paulo. Na Avenida Paulista, cartão postal paulistano que já virou palco de movimentos cívicos de lado a lado, milhares de pessoas se manifestaram em ato que só acabou no final da noite.
A vereadora paulistana Sâmia Bomfim, do Psol, afirmou que nunca poderia imaginar ocupar o Masp, palco de tantas manifestações, porque “uma de nós foi tombada pelo Estado”. “A Marielle ousou percorrer um caminho que não foi construído para mulheres como ela. Tentam calar a voz das mulheres. Vão ter que calar milhões e não vão conseguir.”
Mais foi no Rio de Janeiro de Marielle que multidões se levantaram com o sotaque de quem sente na pele, no dia-a-dia da Cidade Maravilhosa, os tempos de horror na segurança pública.
Em um Rio sob intervenção federal decretada no setor pelo presidente Michel Temer (MDB) – iniciativa reprovada pela própria vereadora, testemunha e vítima de uma realidade de desalento –, o que de fato interveio na rotina do carioca, ao menos nesta quinta-feira de cinzas, foi a força feminina.
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