Balas que mataram Marielle são do mesmo lote da maior chacina de São Paulo
Quebra-cabeça: munição calibre 9mm usada pelos executores da vereadora Marielle Franco é do mesmo lote da maior chacina de São Paulo, informa investigação
Os assassinos que executaram a vereadora Marielle Franco (Psol) na noite da última quarta-feira (14) usaram munição calibre 9 mm que são do mesmo lote usado na maior chacina de São Paulo.
Segundo os autos do processo, balas usadas no crime de agosto 13 de 2015, quando 23 pessoas foram mortas a tiros em Osasco e Barueri, são do lote UZZ-18. A polícia afirma que ainda não conseguiu rastrear se elas foram desviadas ou roubadas de algum batalhão.
Segundo a Polícia Civil do Rio, esse lote foi vendido à PF de Brasília pela empresa Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) no dia 29 de dezembro de 2006, com as notas fiscais número 220-821 e 220-822.
Em ofício de 2015 do processo da chacina de Osasco e Barueri, a empresa Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) indica para a Polícia Militar de São Paulo para onde foram vendidas as balas dos cinco lotes de munição usados na chacina.
A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a origem das munições e as circunstâncias envolvendo as cápsulas encontradas no local onde Marielle foi morta.
A PF quer saber como as munições saíram de Brasília e chegaram ao Rio. Além disso, a investigação deverá rastrear por onde passou a munição desde a chegada do lote em Brasília, em 2006, até a última quarta-feira.
A Polícia Civil do Rio já descobriu que a munição é original — ou seja, não foi recarregada. Isso porque a espoleta, que provoca o disparo da bala, é original.
Os agentes chegaram a essas conclusões após a perícia. Agora, as polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento.
Chacina de São Paulo
Três policiais militares e um guarda-civil foram condenados pelas mortes na chacina de São Paulo (relembre aqui).
De acordo com a acusação feita pelo Ministério Público (MP), os agentes decidiram sair armados e encapuzados cometendo execuções em comunidades para vingar as mortes de um policial e de um guarda, dias antes. Todos os citados negam ter participado da chacina.
O PM da Rota Fabrício Eleutério foi condenado a 255 anos, 7 meses e 10 dias de prisão; o policial militar Thiago Henklain a 247 anos, 7 meses e 10 dias; o policial militar Victor Cristilder a 119 anos de prisão; e o guarda-civil Sérgio Manhanhã a 100 anos e 10 meses.
O caso ganhou repercussão internacional à época. Além do número de mortos, câmeras de segurança gravaram homens mascarados executando as vítimas num bar em Barueri, cidade que registrou três mortes.
Antes, outras 14 pessoas foram mortas a tiros em diversos locais de Osasco. A matança ocorreu no período de cerca de duas horas. Moradores relataram os crimes pelo WhatsApp.
Veja aqui o que já se sabe sobre a execução de Marielle Franco.