Post mais compartilhado sobre Marielle Franco é um 'fake news' comprovado
Publicação mais compartilhada sobre a execução da vereadora Marielle foi uma fake news comprovada. O fato revela a preocupante ausência de senso crítico do internauta brasileiro que, bitolado, apenas segue o efeito manada. MBL teve participação no episódio
Uma pesquisa do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), divulgada pelo jornal O Globo, revelou que a notícia mais compartilhada na internet sobre a morte de Marielle Franco era uma fake news comprovada. O monitor do debate político da USP também confirma o estudo.
A notícia falsa saiu do site Ceticismo Político, página ligada ao MBL, e associava Marielle ao traficante Marcinho VP e à facção Comando Vermelho. Houve pelo menos 400 mil compartilhamentos.
“O site Ceticismo Político publicou um texto que teve papel fundamental na disseminação das falsas acusações. O link foi divulgado no Facebook, e, pouco depois, o Movimento Brasil Livre (MBL) replicou a mensagem, ampliando ainda mais a repercussão”, informou O Globo.
ENTENDA: a simbiose entre o MBL e as fake news
O Ceticismo Político usou como base uma reportagem da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, sobre um comentário de uma desembargadora publicado no Facebook a respeito de boatos que circulavam no WhatsApp.
O Ceticismo Político, no entanto, alterou o texto original e deu um novo título: “Desembargadora quebra narrativa do Psol e diz que Marielle se envolvia com bandidos e é ‘cadáver comum’”.
Facebook tira página do ar
Um dia depois da divulgação do estudo e da matéria do jornal O Globo, o Facebook removeu do ar os perfis identificados como responsáveis por propagar informações falsas sobre Marielle Franco. Os perfis de Luciano Ayan e Luciano Henrique Ayan, além da página “Ceticismo Político” estão indisponíveis e não voltarão ao ar.
Em uma “carta aberta” publicada no site Ceticismo Político, uma pessoa se identifica, no quinto parágrafo do texto, como Carlos Augusto de Moraes Afonso e admite usar o pseudônimo Luciano Ayan desde 2011.
No texto publicado no site Ceticismo Político neste sábado (24), Carlos Afonso afirma atuar na área de tecnologia e ter se dedicado, há pelo menos 13 anos em estudar “métodos relacionados à dinâmica política”, desenvolvendo um método para a “guerra política”.
A Polícia Civil abriu um inquérito para identificar os responsáveis por produzir e espalhar as notícias falsas. O delegado responsável pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, Pablo Sartori, recebeu milhares de denúncias reunidas por advogadas que integraram uma força-tarefa contra a propagação de calúnias sobre Marielle.
Em nota, o MBL negou qualquer relação com ‘Luciano Ayan’, mas uma troca de e-mails revelou que o grupo estava mentindo. Saiba mais aqui.