Coronel da PM está irritado com a comoção popular em torno da morte da vereadora Marielle Franco: "Por que transformar essa mulher em mártir? Ela representa o povo? Que povo? Qual segmento do povo? Do cidadão de bem?"
Washington Lee Abe, coronel da Polícia Militar, manifestou irritação com a comoção popular em torno da morte da vereadora Marielle Franco, executada na última quarta-feira (14).
Em carta divulgada por ele próprio, o coronel sugere que Marielle não representaria o que chamou de “cidadãos de bem” da sociedade brasileira.
“Por que tanta tentativa de transformar essa vereadora em mártir? Ela representa o povo? Que povo? Qual segmento do povo? Do cidadão de bem?”, questiona Abe.
“E quando morrermos em combate, tentando salvar uma vida inocente que clama pela nossa presença, vamos aguardar pacientemente os políticos, a imprensa, autoridades que estão fazendo todo esse alarde pela morte dessa ‘pessoa’ intitulada vereadora, promotora dos direitos humanos, mãe, homossexual (como ela mesma se apresenta) fazerem também o mesmo alarde exigindo respostas rápidas e firmes das autoridades? O mais incrível é declararem em coro que os matadores ‘sabiam atirar’, insinuando serem policiais”, prosseguiu o policial.
Marielle Franco era conhecida pela sua militância contra a violência policial nas comunidades carentes. A vereadora era, inclusive, relatora da comissão que acompanha a intervenção militar no Rio. Milhares de pessoas foram às ruas ontem nas principais cidades brasileiras para homenagear a parlamentar.
Washington Lee Abe é comandante do 5º Comando Regional da Polícia Militar do Paraná (PR).
Origem da munição
Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil nesta sexta-feira (16), a munição utilizada pelos assassinos de Marielle é de lotes vendidos para a Polícia Federal de Brasília em 2006.
De acordo com a perícia da Divisão de Homicídios, o lote de munição UZZ-18 é original, ou seja, ela não foi recarregada. Agora, as polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento.
A investigação afirma que os lotes de munições foram vendidos à PF de Brasília pela empresa CBC no dia 29 de dezembro de 2006, com as notas fiscais número 220-821 e 220-822.
A execução
Informações da Polícia dão conta de que Marielle não tinha o hábito de andar no banco de trás do veículo, que tem filme escuro nos vidros. Na noite desta quarta, no entanto, ela estava no banco traseiro quando o crime ocorreu, o que seria mais uma prova de que os assassinos estavam observando a vítima há algum tempo.
A perícia constatou que os tiros entraram pela parte traseira do lado do carona, onde Marielle estava sentada, e três disparos acabaram atingindo o motorista. De acordo com a Divisão de Homicídios, o atirador seria experiente e sabia o que estava fazendo.
Confira aqui o que já se sabe sobre o assassinato de Marielle Franco.
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