Mulheres violadas

Dia da mulher?

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Attilio Giuseppe*, Pragmatismo Político

Ontem o Fluminense enfrentou o Vasco pelo campeonato carioca, de luto. Segundo levantamento do IPEA, a cada 90 minutos uma mulher é assassinada no Brasil e a sacada do clube das Laranjeiras foi genial, pois “até o fim da peleja”, mais uma seria vítima de um problema histórico e social tão grave.

Por falar em História, o dia da mulher não é uma data festiva, mas sim, de luta, repressão e resistência. Ao longo de séculos, a luta – como sempre – foi essencial para a conquista de direitos e inclusão. Atualmente a situação é preocupante, no entanto, alguns avanços foram conquistados após muito sangue e suor.

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Como o sistema não deseja politizar, engajar, muito menos despertar as pessoas para viver e lutar, a data transformou-se em movimentação comercial e alienação generalizada. Assim como em tantas datas, o sentido real é desvirtuado e, assim, acarreta total “distração” da massa para os problemas fundamentais.

O dia da mulher transformou-se no dia oficial da gentileza, do jantar feito pelo marido, do “mimo” e carinho. Quem não gosta de receber amor? Mas, o ponto não está no objeto, e sim no objetivo. Em primeiro lugar, apesar de clichê, em todos os dias deveriam ser cultivadas a gentileza e o amor, entre quaisquer seres humanos. Em segundo lugar, a distorção de significados faz com que a mulher “baixe a guarda”, ao invés do contrário.

Ela recebe o chocolate, apesar de ganhar menos que seus colegas de função. Ganha uma rosa, porém sofre assédio cotidianamente. É presenteada com uma lembrança, apesar de vítima de um machismo que promove diferentes tipos de violência, “obrigações” e repressões.

Nenhum problema em presentear, parabenizar ou abraçar, desde que a atitude represente uma postura perante a vida em sociedade e não mais uma hipocrisia. Assim como, nenhum problema em receber o carinho, desde que isto não tire da mulher – e do homem também, claro – um horizonte de resistência e enfrentamento.

Nenhuma conquista social se deu com petições online, nem com omissão. Urgente mudar a postura perante as mais variadas formas de preconceito e opressão seja você, homem ou mulher.

Todo chocolate é bem-vindo, assim como, a igualdade.

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*Attilio Giuseppe é historiador, professor e colaborou para Pragmatismo Político.

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