Ao vivo, Faustão comenta caso Marielle e alimenta 'fake news'
Falando ao vivo em uma concessão pública, Faustão incorre em 'fake news' ao descontextualizar morte de médica e associá-la à execução de Marielle Franco. Apresentador da TV Globo ainda não se retratou
O apresentador da TV Globo, Fausto Silva, parece ter sido mais uma vítima da boataria que circula a internet desde o assassinato de Marielle Franco.
Neste domingo, em seu programa ao vivo, Faustão citou a morte da médica Gisele Palhares Gouvêa de maneira descontextualizada, associando-a à execução da vereadora.
“Não dá para, num programa como esse, não falar de tanta coisa ruim que tem acontecido no Brasil. Como agora, envolvendo a Marielle Franco, a vereadora do Rio, e envolvendo, na violência, a médica Gisele Palhares Gouvêa, com 34 anos, assassinada na Linha Vermelha”, disse Faustão.
Ao colocar Gisele e Marielle lado a lado, Faustão faz parecer que os dois casos acabaram de acontecer, o que não é verdade.
Gisele de fato foi assassinada na Linha Vermelha, aos 34 anos. O crime, no entanto, foi cometido em 2016, e não agora, como propagam extremistas nas redes sociais que usam a morte da médica para afirmar que Marielle vem recebendo atenção excessiva.
Em posts que se multiplicam nas redes sociais, lê-se que a vereadora é notícia por ser negra, mulher e homossexual, enquanto Gisele, branca e de classe média, é ignorada. Na verdade, a morte de Gisele Palhares Gouvêa foi extensamente noticiada em 2016 na TV e na internet.
Fake News
Durante reportagem publicada no Fantástico também neste domingo, a propagação das notícias falsas a respeito de Marielle foi discutida.
Uma das principais propagadoras de notícias falsas foi Marília Castro Neves, do TJ-RJ, que afirmou em comentário no Facebook que a vereadora morta “foi eleita pelo Comando Vermelho”. O PSOL, partido de Marielle, afirma que entrará com ação contra a desembargadora.
As mentiras difundidas por Marília, dentre tantas outras — como o boato afirmando que a vereadora assassinada teria sido casada com o traficante Marcinho VP no passado —, serviram de base para que muitas pessoas comemorassem nas redes a morte de Marielle.
“É inadmissível uma pessoa comemorar a morte de outra pessoa”, disse Anielle Franco, irmã da vereadora morta, em tom de revolta. “Quase ninguém no Brasil pode falar da minha filha”, complementou o pai de Marielle.
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