Filha de Marielle Franco, de 19 anos, faz desabafo nas redes sociais sobre assassinato da mãe. Amiga da vereadora revela que ela não tinha medo, mas temia pelas colegas ameaçadas
Luyara Santos, 19, filha da vereadora Marielle Franco, fez um desabafo em sua conta no Facebook sobre a morte da mãe na tarde desta quinta-feira (15).
“Mataram a minha mãe e mais 46 mil eleitores! Nós seremos resistência porque você foi luta! Te amo”, escreveu Luyara. A jovem citou a luta e trajetória de Marielle, que foi a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro em 2016, com 46 mil votos.
Mais cedo, a irmã de Marielle, Anielle Silva, ao reconhecer o corpo no Instituto Médico Legal (IML), conversou com a imprensa no momento da saída.
“Minha irmã foi brutalmente assassinada. Mais uma vítima dessa violência que está aí. Tentaram calar 46 mil vozes e as mulheres negras, mas não conseguiram. Não sei o que motivou isso. Ela tem um ano de mandato e não sei por que incomodava tanto”, disse.
“Marielle temia pelas colegas ameaçadas”
Em entrevista ao portal Universa, uma amiga de Marielle que não quis se identificar afirmou que ela “não tinha medo, mas temia pelas colegas”.
“Estamos todas desabadas”, diz ela, se referindo ao grupo de colegas das quais Marielle se cercava. “Ela era um instrumento de denúncia e resistência no combate às opressões.”
A amiga classifica Marielle como “uma mulher calejada”. “Ela não recebia ameaças. Não estávamos arriscando ela como alvo. Ela tinha muita preocupação que algo acontecesse com outras colegas parlamentares que já foram ameaçadas. E a construção de sua visibilidade era, inclusive, um instrumento de segurança.”
“Era uma mulher linda, potente, de uma energia inigualável, com uma presença marcante e um sorriso inesquecível. Marielle chegava chegando”, descreve a amiga. “Ela tinha uma assertividade muito grande e muita segurança no que dizia.”
Suas maiores lembranças são dos atos que participaram juntas. “Era ela que pegava o megafone e puxava a palavra de ordem.”
“Marielle era ousada. Nunca vou me esquecer do ano de 2013, quando morreram dezenas de pessoas na Maré, e fizemos uma caminhada lá dentro com vários movimentos sociais juntos. Era ela quem puxava a multidão, cercada de homens armados por fuzis. Marielle sempre foi muito corajosa e firme quanto ao papel que cumpria”, concluiu.
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