Jornalista é agredido por deputado da bancada da bala dentro da própria emissora de TV onde trabalha. O profissional foi humilhado e levou dois tapas e um chute
Nayara Felizardo, Intercept Brasil | Via DCM
O jornalista do Sistema Meio Norte de Comunicação, do Piauí, Efrém Ribeiro foi agredido na manhã de sexta-feira pelo deputado federal Silas Freire, do Podemos, dentro da própria emissora de TV onde os dois trabalham, em Teresina. Integrante da “bancada da bala” na Câmara, Freire também é apresentador de um programa policial, chamado Ronda Nacional.
Funcionários da emissora afirmaram que Ribeiro levou dois tapas e um chute. As câmeras de segurança não conseguiram registrar a ação, pois estavam mal posicionadas. A coordenadora de Recursos Humanos da empresa, Karolinny Ramalho, não quis se pronunciar sobre o caso, afirmando apenas que será tratado pelo setor jurídico do Sistema Meio Norte.
No sábado, a reportagem entrou em contato com Ribeiro, que confirmou a agressão do parlamentar. “Chorei muito e as dores físicas, pela manhã, foram menores do que eu pensava que iriam ser”, disse.
O jornalista agredido tem mais de 30 anos de profissão e também trabalha como freelancer para outros veículos nacionais, além do Sistema Meio Norte. Em 2012, participou do trabalho vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo, “Aula de excelência na pobreza”.
Só umas “cachuletas”
O próprio deputado não negou a agressão, mas afirmou, em seu programa, que se tratou de um exagero do colega de emissora por causa de “umas cachuletas” (gíria para uma espécie de tapa na orelha) que ele deu no jornalista:
“Eu agarrei ele e disse que menino traquino a gente dá cachuleta, e aí dei duas cachuletas. Pode ter sido forte. Pode ter sido de mau gosto a brincadeira. Mas daí dizer que eu o espanquei de socos e pontapés, eu não tenho nem motivo pra isso… Ele tentou faturar em cima da minha imagem, só porque eu sou político. Se doeu, me desculpa”.
Procurado pela reportagem, Silas Freire reafirmou que fez apenas uma brincadeira.
“O Efrém está se vitimizando”, respondeu.
Em seu perfil no Facebook, Efrém Ribeiro comentou o caso, sem citar nomes:
“Palavras de ódio transformadas em ação. Hoje, eu sofri em meu corpo e em minha alma como as palavras de ódio se transformam em violência física e violência política. As palavras têm o devastador efeito de se transformarem em ações concretas”.
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