Atentado com arma de fogo contra ônibus da caravana de Lula aconteceu na última noite. Jornalista que estava na poltrona onde um dos tiros acertou descreveu o que aconteceu. Desabafo de outra profissional que também viajava no veículo viralizou nas redes sociais
Depois de percorrer 18 cidades nos três estados do sul do Brasil, a caravana do ex-presidente Lula encerra a etapa sulista – marcada por manifestações e ataques contra o ex-presidente – com um ato de repúdio à violência.
Na noite de terça-feira (27) a caravana foi alvo de quatro tiros na saída de Quedas do Iguaçu, no Paraná.
Gianni Carta, jornalista da CartaCapital, estava não somente em um dos ônibus da caravana de Lula que foi alvejado com arma de fogo, mas na poltrona exatamente atrás de onde um dos tiros acertou.
“Escutei um barulho diferente, na hora eu já achei que fosse um tiro, não foi pedrada. Eu tô acostumado com pedrada, ovo, nós que estamos na caravana, a gente reconhece, mas foi um barulho muito forte e seco. Era madrugada, todos estavam dormindo e eu não quis acordar ninguém. Quando parou, foi constatado que era mesmo um tiro. Isso já passou do limite, agora já foi longe demais”, disse, em depoimento a Joaquim de Caravalho, do DCM [vídeo abaixo].
A jornalista Eleonora de Lucena também estava no ônibus atingido e publicou um relato na Folha de S.Paulo que viralizou nas redes sociais. O nome de Eleonora foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter. Leia a íntegra do seu depoimento:
O barulho seco no lado direito do ônibus provocou silêncio. Pedras novamente, pensei. Pedras, alguém falou. O ruído foi diferente.
Tínhamos recém partido de Quedas do Iguaçu, onde Lula fizera ato. Dez minutos de viagem e veio o impacto. Era local de vegetação fechada, mato alto na borda da estrada. O comboio continuou.
Minutos depois, carros da PM passaram pela caravana. Não pararam nem acompanharam o comboio.
No trajeto, manifestações de apoio de moradores. Crianças ensaiavam corrida para acompanhar os ônibus.
A 1 km do destino, Laranjeiras do Sul, o motorista reduz a velocidade. Para. Descemos. Pneu furado, alguém disse. Saltamos. Miguelitos (ganchos de metal) nos dois pneus da direita. Logo identificamos as marcas dos projéteis.
Foi um atentado. A escalada fascista subiu mais um degrau. Grupos ultradireitistas não enxergam limites. Ovos, pedras, projéteis, chicotes. São milícias armadas que planejam atentados. Como as gangues que precederam as SS nazista. O mesmo modus operandi terrorista.
Vi isso num crescendo nos últimos dias. Adeptos de Bolsonaro, ruralistas, pessoas violentas que berram e xingam. Eu mesma levei uma ovada na cabeça no sábado só por estar saindo do hotel onde estava hospedado Lula. “Lincha, é comunista”, ouvi em algum momento.
O país precisa reagir. O atentado não foi só contra Lula. O projétil foi contra a democracia. Democratas precisam aprender com a história e formar já uma frente ampla contra o fascismo.
Eleonora de Lucena
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