Barbárie

Página do Leblon debocha do assassinato de Marielle Franco

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Página de moradores do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, ironiza morte de Marielle Franco. Vereadora, que era voz dos menos favorecidos e denunciava abusos da PM, foi covardemente assassinada com 4 tiros na cabeça

(Reprodução/Página Alerta Leblon)

A página de moradores do Leblon, bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro, ironizou a morte de Marielle Franco, vereadora do Psol executada a tiros na última quarta-feira (14).

Os administradores da página ‘Alerta Lebron’ usaram uma publicação feita no último sábado (10), em que Marielle critica abusos da polícia na comunidade do Acari: “E neste momento, a Liga da Justiça e os Vingadores fazem a perícia no local onde ela foi metralhada”, em alusão ao trabalho dos peritos onde Marielle foi morta.

Muitos internautas que curtem a página não gostaram da publicação e pediram uma retratação, que não aconteceu.

“Eu realmente desisti de seguir vocês em razão do tamanho desrespeito cometido contra a vereadora assassinada no Estácio. Independente das convicções políticas dela (não sou filiada a nenhum partido e nem domino o assunto politica), ironizar o ocorrido ultrapassou todos os limites”, publicou uma internauta.

Não é a primeira vez que a página Alerta Leblon se envolve em polêmica, como demonstrou reportagem do portal Justificando em 2017.

Ódio

Outras manifestações desrespeitosas e de completo ódio contra Marielle Franco foram registradas na internet após o seu assassinato. No site “O Antagonista“, de Diogo Mainardi, alguns leitores chegaram a culpar a vereadora pela própria morte e se divertiram com a tragédia (relembre aqui).

Comentários descabidos não se perpetuaram apenas em portais de cunho conservador. Mesmo na página do Pragmatismo Político no Facebook houve quem reclamasse da “comoção” em torno da morte da vereadora, enquanto o assassinato de um empresário no mesmo dia não estaria recebendo o “devido destaque da mídia”.

Seguindo a mesma linha, o coronel Washington Lee Abe, da Polícia Militar do Paraná (PR), demonstrou irritação com a mobilização popular gerada a partir do assassinato da vereadora e sugeriu que Marielle não representaria o que chamou de “cidadãos de bem” da sociedade brasileira (veja aqui).

Balas usadas em chacina

Os assassinos que executaram Marielle usaram munição calibre 9 mm que são do mesmo lote usado na maior chacina de São Paulo. Segundo os autos do processo, balas usadas no crime de agosto 13 de 2015, quando 23 pessoas foram mortas a tiros em Osasco e Barueri, são do lote UZZ-18.

Segundo a Polícia Civil do Rio, esse lote foi vendido à PF de Brasília pela empresa Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) no dia 29 de dezembro de 2006, com as notas fiscais número 220-821 e 220-822 (saiba mais aqui).

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