Polícia conclui inquérito com mais de 200 páginas e indicia pais da menina Emanuelly Aghata, assassinada de maneira covarde. Avô da criança admite que seu filho era violento: "já me agrediu". Conselho Tutelar se pronuncia pela primeira vez
A polícia civil concluiu o inquérito sobre a morte da menina Emanuelly Aghata, de 5 anos, assassinada no início do mês na cidade de Itapetininga (SP).
O documento de mais de 200 páginas foi entregue ao Fórum. Phelipe Douglas Alves e Débora Rolim da Silva, pais da menina, foram inicialmente indiciados apenas por maus-tratos.
Eduardo de Souza Fernandes, delegado responsável, afirmou que caberá agora ao promotor analisar as informações passadas pela polícia e decidir se serão inclusos outros crimes, como homicídio.
Outras duas crianças moravam com Débora e Phelipe, um menino de 4 anos, filho do casal, e uma menina de 9, filha de Débora e enteada de Phelipe. O menino está em uma casa de acolhimento e a menina foi entregue ao pai biológico.
“Ele me batia”
No último sábado (10), o avô paterno de Emanuelly Aghata, Luiz Carlos Alves admitiu, em depoimento à polícia, revelou que seu filho era muito violento e que já foi agredido por ele.
“Ele era usuário de drogas. Não só ele como a esposa também. O Phelipe era muito violento quando usava droga. Fora de série. Quando ele estava sem nada, era um anjo. Quando usava droga mudava tudo. Ficava violento. Eu mesmo ele agrediu por causa da droga”, afirmou.
Segundo o avô, ele sempre notou marcas de agressão no corpo da criança e questionava os pais sobre elas. Porém, ele alega que o filho e a nora diziam sempre que a menina vivia caindo.
“Muitas vezes eu chegava e via ela machucada, parte vermelha pelo corpinho e algumas marcas roxas. Ela era bem quieta e até demorava para comer. Quando eu perguntava, a mãe dizia que tinha caído. Eu sabia que não era, mas ficava quieto para evitar confusão. Eu desconfiava”, disse Luiz Carlos Alves.
Por fim, emocionado, Luiz Carlos Alves afirmou que se arrepende de não ter denunciado o filho.
“Eu não sabia o que realmente acontecia na casa. Quando eu visitava estava tudo bem, mas achava estranho aquelas manchas. Um certo ponto eu me arrependo de não ter denunciado. Eu pensei muito tarde. Era pra eu ter pensado nisso desde quando eu comecei a reparar. Já era pra eu ter desconfiado”.
(Veja aqui o depoimento dos avós maternos)
Conselho Tutelar
Relatos de familiares, da babá e da escola onde Emanuelly Aghata estudava sugerem que o Conselho Tutelar de Itapetininga foi omisso e poderia ter evitado a tragédia, já que várias denúncias foram apresentadas.
No último fim de semana, o Conselho se pronunciou oficialmente pela primeira vez e afirmou que a mãe da criança soube muito bem maquiar os maus-tratos que cometia contra Emanuelly.
Segundo o conselheiro Clayton Soares, assim que órgão recebeu a denúncia da babá, em janeiro de 2017, uma equipe foi imediatamente à casa de Débora e Phelipe fazer averiguação. Clayton diz que a mãe atendeu os agentes e foi prestar esclarecimentos na sede do Conselho Tutelar.
“A casa [deles] sempre estava bem organizada, as crianças também, o relatório de frequência escolar não tinha nenhuma anormalidade, tudo era favorável à mãe. Ela conseguiu enganar a todos”, disse Clayton.
“O Conselho não detectou nada grave, tanto que o laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontou agressão de natureza leve e então o inquérito foi arquivado. Mesmo assim, continuamos acompanhando a família e nada foi constatado”, continuou.
Clayton disse ainda que recebeu a denúncia da escola, em outubro de 2017 e, por esta razão, voltaram à casa de Débora, mas novamente não constataram nada.
Veja cronologia do caso Emanuelly Aghata:
— A prisão dos pais após a suspeita de médicos do SAMU
— O depoimento dos avós maternos sobre os espancamentos
— O relato da babá que tentou salvar a vida da pequena Emanuelly
— Como a mãe, Débora, abandonou a filha após o parto e perdeu sua guarda em 2012
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