Política

As duas perguntas que não fizeram a Sergio Moro no Roda Viva

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Mesmo em uma entrevista que pareceu um jogo de cartas marcadas onde ninguém atreveu-se a contrariar Sergio Moro, ele ainda escorregou ao comentar o caso Rodrigo Tacla Durán. Duas ótimas perguntas poderiam ter sido feitas ao juiz da Lava Jato

A entrevista de Sergio Moro no ‘Roda Viva’ exibida nesta segunda-feira (26) pela TV Cultura foi um jogo de cartas marcadas. Ninguém se atreveu a contrariar o juiz da Lava Jato, que foi bajulado o tempo inteiro com questionamentos sutis.

Ao comentar a decisão de liberar o conteúdo dos áudios das conversas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a então presidente Dilma Rousseff, Moro reafirmou que sua decisão não foi um erro. Na época, o ministro do STF Teori Zavascki, já falecido, criticou a liberação dos áudios.

Moro afirmou também esperar que o Supremo Tribunal Federal “tome a melhor decisão” no julgamento do habeas corpus de Lula. “Eu nem sequer tenho opção de cumprir ou não cumprir”, disse o magistrado sobre a ordem de prisão do ex-presidente.

Durante a transmissão da entrevista, o pré-candidato pelo PSOL à Presidência, Guilherme Boulos, escreveu em sua conta do Twitter duas ótimas perguntas direcionadas ao juiz:

1. Qual a piada que Aécio Neves te contou quando vocês dois gargalhavam?
2. Por que não há nenhum tucano preso na Lava Jato?

O jornalista Reinaldo Azevedo, da Folha, chamou atenção para uma escorregada de Moro ao comentar as denúncias feitas pelo ex-advogado Rodrigo Tacla Durán, que acusa o padrinho de casamento do juiz da Lava Jato de tentar mediar acordo paralelo de delação premiada com integrantes da força-tarefa.

“Esse indivíduo fez essas afirmações. É uma fantasia que não existe base concreta. O que se tem é uma pessoa acusada de crimes graves”, respondeu moro.

Reinaldo observou:

A síntese da fala de Moro poderia ser esta: “Não acredito em palavra de bandido”.

Venham cá: quantos foram os bandidos e corruptos confessos que ajudaram Sérgio Moro a fazer a sua fama? Quando o “bandido” o coloca na berlinda, então não se deve dar trela; quando o bandido acusa aqueles que são os seus alvos, seu testemunho vai parar na sentença, é isso?

Sem dar crédito a bandidos, para onde teria ido a Lava Jato?

Acho que a resposta do doutor pode ser lida de outra forma: “É bom que vocês saibam que existe um critério para mim e para os meus amigos e um critério distinto para os outros. Quando está em questão alguém do meu círculo de relações, o acusados só pode ser um bandido; quando se trata de alguém que estou disposto a botar em cana, então a palavra de notórios marginas e canalhas recebe o nome de ‘colaboração’”.

Bem, convenham, boa parte da imprensa engole tudo o que ele diz.

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