Revista garante que teve acesso ao plano da Polícia Federal para o dia da prisão de Lula. Preparativos envolveriam 350 pessoas, avião e apoio da PM. Não haverá uso de algemas e são cinco os possíveis locais para o cumprimento da pena
Uma reportagem publicada no último fim de semana pela revista Veja e reproduzida nos principais veículos de comunicação do Brasil garante que a Polícia Federal já tem um plano para o dia da prisão de Lula.
O ex-presidente terá seu pedido de habeas corpus preventivo julgado hoje no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Segundo a Veja, que cita fontes internas da PF, a operação para prender Lula envolve cerca de 350 agentes, além de um avião, helicópteros e apoio da Polícia Militar.
Toda essa operação de guerra teria como objetivo conter uma possível rebelião popular desencadeada pela detenção do ex-operário sindicalista.
Entre os procuradores da Lava Jato, o juiz Sergio Moro e os membros da Polícia Federal, a data da prisão de Lula tem sido tratada como o “Dia D” — prova de que o ex-presidente sempre foi o alvo principal da operação.
A Polícia Federal alega ainda que quer evitar erros cometidos em ações anteriores, para não vitaminar o discurso de Lula segundo o qual ele tem sido vítima de uma caçada judicial.
Já foi acordado, por exemplo, que não haverá o uso de algemas nem de camburão. A Polícia Federal espera deter Lula em sua casa em São Bernardo do Campo (SP) e trabalha com a hipótese de cinco locais onde o ex-presidente pode começar a cumprir sua pena na Lava-Jato.
Segunda instância
Em entrevista para o jornal O Globo nesta segunda-feira (5), o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, defendeu a revisão do entendimento da corte de que penas podem ser cumpridas a partir da decisão em segunda instância.
Segundo ele, a Constituição de 1988 é clara ao dizer que “ninguém será culpado até o trânsito em julgado da sentença” – quando todos os recursos em todas as instâncias se esgotam.
Esse debate é crucial para o futuro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância. Pelo entendimento atual, o petista poderia ser preso assim que o Tribunal Regional da 4ª Região julgue os últimos questionamentos no processo, algo que pode acontecer ainda neste mês.
Celso de Mello afirmou que o entendimento atual do STF sobre o assunto o preocupa como cidadão. “A Constituição proclamou a presunção de inocência. Diz, no artigo 5º, que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. É um retrocesso que se impõe em matéria de direito fundamental (a prisão antecipada), porque a Constituição está sendo reescrita de uma maneira que vai restringir o direito básico de qualquer pessoa”, disse.
A defesa de Lula já entrou com dois pedidos de habeas corpus, um no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e outro no STF, questionando essa possibilidade. No STJ, o assunto será julgado hoje.
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