Redação Pragmatismo
Educação 08/Mar/2018 às 21:51 COMENTÁRIOS
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Professor humilha universitária que assistia aula com filha de 5 anos

Publicado em 08 Mar, 2018 às 21h51

“Me senti muito mal. É uma grande humilhação. A única família dela sou eu. Ela só tem a mim”. Áudios que revelam as agressões do professor vazaram. Estudante, que não tem com quem deixar a filha, saiu da aula às lágrimas. Denúncia foi protocolada; dona de creche ofereceu ajuda

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O professor Alípio Sousa Filho e a estudante Waleska Lopes

Um professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi alvo de denúncia após humilhar uma aluna em sala de aula.

Alípio Sousa Filho afirmou que a estudante Waleska Maria Lopes só poderá voltar a assistir as aulas de sua disciplina (Introdução à Sociologia) caso apareça sozinha, sem a sua filha de 5 anos.

O posicionamento de Alípio é antagônico ao do também professor universitário Alessander Mendes que, nesta semana, foi elogiado por ninar um bebê de uma aluna em sala de aula em um faculdade de Teresina (PI) [relembre aqui].

A confusão na UFRN aconteceu na última terça-feira (6) e alguns áudios foram registrados por estudantes, que se solidarizaram com Waleska.

“Me senti muito mal. Minha filha perguntou se não podia mais assistir às minhas aulas. Se era por causa dela. É uma grande humilhação. A única família dela sou eu. Ela só tem a mim. Foi terrível”, relatou a aluna, que cria a filha sozinha.

Áudios

Na primeira parte dos áudios divulgados, o professor pede para os alunos darem mais valor à universidade. E deixa bem claro que considera uma falta de respeito uma aluna levar a filha para a sala de aula.

Ela encontre uma rede de solidariedade para cuidar da criança. Não consegue essa rede de solidariedade? Repense sua vida. Não tem que estar fazendo Ciências Sociais, não tem que estar estudando na universidade. Você só faz isso se tiver condições. Agora não vai impôr à instituição coisas que não são assimiladas pela instituição (…) ‘ah, eu sou pobre, não tenho’. Problema seu, a universidade não tem problema com isso, se vire”, diz o professor em trecho que foi registrado.

Em seguida, Alípio Sousa ameaça chamar o Conselho Tutelar para Waleska e diz que ela não respeita a “autoridade moral” da universidade. O professor também afirma que aquele não é um local para crianças por causa dos assuntos tratados em sala de aula.

O docente continua seu discurso dizendo que Waleska deveria buscar uma rede de solidariedade e que se ela não a tem, não deveria cursar Ciências Sociais. E finaliza dizendo que é o Estado que o autoriza a determinar isso. Waleska saiu da sala de aula às lágrimas, acompanhada de sua filha.

Primeira parte

Segunda parte

Terceira parte

Denúncia

Um grupo de alunos do curso de Ciências Sociais da UFRN entrou nesta quinta-feira (8) com uma representação no departamento que gere a graduação, solicitando que a Universidade apure o caso.

De acordo com o chefe de departamento do curso, professor César Sanson, a representação está assinada pelo Coletivo Acadêmico de Ciências Sociais.

Sanson disse que encaminhou o pedido à secretaria do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) e que, depois, o documento será enviado à reitoria. “Lá a reitora vai apreciar se irá, ou não criar uma comissão de sindicância para apurar os fatos”, explica. Segundo Sanson, este é o trâmite padrão.

Dona de creche oferece bolsa

Mila Titan, pedagoga e empresária, dona de uma creche em Natal, se dispôs a ajudar Waleska Lopes. “Eu também sou mãe, eu pensei muito como mãe, pensei muito na criança. Uma criança estar indo todo dia pra uma sala de aula que não tem a ver com ela, é desgastante, é preocupante. Então eu me coloquei no lugar dessa mãe e pensei ‘o que eu posso fazer para ajudar?”.

“Então decidimos oferecer uma bolsa integral pra ela. Nós funcionamos de 8h às 18h, mas com agendamento a creche funciona 24h. Então ela vai poder vir deixar a filha dela aqui enquanto estiver na faculdade”, disse.

A empresária defende que a sociedade precisa se unir para proporcionar um convívio social mais sadio. “Eu acho que se cada um fizer um pouquinho a gente pode conseguir melhorar a sociedade. A humanidade está tão desgastada, violenta, a gente precisa de senso de humanidade, de atitudes positivas. É aquela velha história: gentileza gera gentileza, então vamos espalhar o bem”.

Waleska Lopes

Nascida no Rio de Janeiro, Waleska Lopes mudou-se para Natal (RN) em 2017 com o objetivo de estudar e entrou na universidade com a nota obtida no ENEM.

Waleska divide um imóvel com outras pessoas, onde também vive sua filha. Durante o dia, trabalha como atendente de telemarketing para sustentar as duas, e nesse período a criança fica em uma escola.

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