Racismo não

Professor que “odeia pretos e pardos” divulga pedido de desculpas

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Professor que disse “odiar pretos e pardos” divulga pedido de desculpas. Estudantes do IFSP pedem a saída de José Guilherme de Almeida e relatam outros casos de racismo e perseguições. Aluno negro chegou a ser reprovado mesmo tendo notas altas. Outra aluna foi tão humilhada a ponto de chorar em sala de aula

Professor José Guilherme de Almeida foi alvo de protestos após comentário racista

Uma publicação do professor José Guilherme de Almeida viralizou no Facebook nesta segunda-feira (12) e desencadeou uma série de críticas e protestos (relembre aqui).

O docente, que leciona no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), afirma no texto que odeia pretos e pardos e descreve a alimentação deles como “macabra”.

Depois da má repercussão da publicação, José Guilherme apagou o texto original e ensaiou um novo comentário. Mas já era tarde demais. Sem conseguir lidar com as críticas, o professor bloqueou a sua conta na rede social.

Alunos do IFSP organizaram um protesto na instituição de ensino e pediram o afastamento e a exoneração de José Guilherme.

Luis Cláudio de Matos Lima Júnior, diretor do IFSP, prometeu abrir processo administrativo para analisar a possibilidade de exoneração do servidor.

A partir daí, outros estudantes tomaram coragem para trazer à baila outros casos de racismo e perseguições em sala de aula protagonizados por José Guilherme.

Em entrevista à Ponte Jornalismo, o estudante Christopher de Lima Machado, do 5º semestre de Geografia, contou que José Guilherme de Almeida já havia manifestado comentários racistas diversas vezes em sala de aula.

O estudante, que é negro, afirma ter sido perseguido pelo servidor e reprovado em duas matérias após uma discussão com o docente em sala de aula, mesmo tendo notas suficientes para sua aprovação.

Fabio Santos Souza, também aluno do 5º semestre, denunciou: “Tive aulas com ele e é torturante. Ele não aceita confronto de alunos contra as coisas que falava em aula. Os alunos negros sofriam represálias, mesmo que entre os envolvidos também tivessem brancos. Eu e o Christopher fomos os reprovados”.

Uma outra aluna relatou que foi tão humilhada que chegou a chorar em sala de aula: “Eu pensei em trancar minha matricula na faculdade. Ele chegou ao ponto de me expor de forma irônica durante as aulas”.

Pedido de desculpas

Segundo a Revista Fórum, José Guilherme de Almeida enviou uma nota em que pede perdão e assume que o conteúdo de seu post é racista. Leia a íntegra:

Gostaria de iniciar pedindo perdão a todas e todos ofendidos com meu POST (Horror ao Turismo). Hoje eu venho a público dizer que sim, foi um comentário racista, pois vejo que muitos negros e negras se sentiram atacados.

Infelizmente, no momento da postagem, não tive o discernimento ou a dimensão do quanto era lamentável o que escrevia. Aqui, eu assumo meu erro e peço perdão!

Também quero dizer que sei do débito histórico que nós temos com a população negra, por esse motivo eu sou apoiador de diversas políticas públicas de inclusão, como é o caso das cotas raciais.

Por esse motivo, peço desculpas ao IFSP, instituição em que construí uma história de 18 anos como professor, buscando oferecer o melhor de minhas possibilidades.

Mesmo já tendo me retratado, quase que imediatamente, em relação ao POST, me pronuncio mais uma vez com o objetivo de me retratar.

Não quero me justificar, nem me estender. Quero apenas pedir perdão.

José Guilherme de Almeida

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