Funcionário do Burger King localizado em área nobre de SP identificou cliente negro como 'macaco' em cupom fiscal do lanche solicitado. Enquanto isso, outras atendentes gargalhavam. Universitário fez BO e disse que vai levar caso até as últimas consequências para que responsáveis sejam punidos
Um estudante universitário foi vítima de racismo em uma lanchonete da rede Burger King em São Paulo (SP).
Em um pedido de lanche feito na madrugada do último sábado (24), em uma loja localizada na região de Moema, área nobre da capital paulista, um funcionário da lanchonete identificou David Reginaldo de Paula Silva como ‘macaco’ em cupom fiscal de R$ 38,80.
Na segunda-feira (26), a vítima dirigiu-se a uma delegacia para realizar um Boletim de Ocorrência (BO) por injúria racial para que a Polícia Civil identifique e puna o funcionário da loja que o ofendeu ao escrever o nome do animal no lugar de seu nome no cupom fiscal.
“Meu aniversário foi dia 19. Saí na sexta para comemorar, e na volta fui com uma amiga diplomata à lanchonete para comer algo. Vi no balcão um cupom de desconto. Fiz um pedido normal. O atendente perguntou meu CPF, nome e anotou. E esperei chamar minha senha. Foi quando vi ao lado da senha o nome ‘macaco’ e fiquei assustado”, disse David, que tem 24 anos e estuda Relações Internacionais.
O jovem relatou ainda que outras três atendentes gargalhavam enquanto ele recebia o cupom que o identificava como ‘macaco’, mas mesmo assim procurou manter a calma e comer seu lanche. David havia dado uma nota de R$ 50 para pagar R$ 38, 80 do lanche. Em seguida, recebeu um troco de R$ 11,20 juntamente com o bilhete ofensivo.
“Não fiz escândalo. Liguei para meu pai e ele sugeriu que eu guardasse o papel. Não questionei o atendente e também não peguei sua identificação. Cheguei a comer dois pedaços e perdi o apetite. Depois fui para casa”, contou o jovem.
Nas redes sociais, David divulgou o que aconteceu. “O preconceito racial é uma ‘doença’ que deve ser eliminada da sociedade brasileira. É inadmissível que em pleno século XXI, em 2018, ainda possa acontecer esse tipo de atitude racista”, publicou o jovem no Facebook.
Em entrevista ao portal G1, o advogado de David afirma que pretende acionar o Burger King (BK) na esfera cível para que a lanchonete seja responsabilizada a pagar indenização por dano moral.
“Foi feito o BO de injúria racial, que prevê pena de 1 ano a 3 anos de prisão”, disse o advogado Marcello Primo Muccio. “Na quinta-feira (29), a amiga dele vai prestar depoimento sobre o fato. Depois vou entrar com uma ação indenizatória. A princípio são essas as providências”.
Em nota, o Burger King disse que está apurando o ocorrido e tomará “as medidas cabíveis”.
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