Cantor Sertanejo está irritado com a comoção popular em torno do assassinato de Marielle Franco. Zezé Di Camargo citou médica morta em 2016 para criticar quem se solidariza com a execução da vereadora
Zezé Di Camargo está incomodado com a comoção popular em torno do assassinato de Marielle Franco. O cantor citou o caso de uma médica morta em 2016 para criticar quem se solidarizou com a execução da vereadora do PSOL.
O sertanejo é mais uma figura pública que traz à baila o assassinato da médica de maneira descontextualizada, como se o crime tivesse ocorrido na mesma semana em que morreu Marielle. Fausto Silva agiu de modo semelhante.
Gisele Palhares Gouvêa foi vítima de dois tiros na cabeça, em junho de 2016, em um acesso à Linha Vermelha, no Rio de Janeiro. Na época, o crime foi amplamente repercutido na imprensa.
A postagem de Zezé foi feita com a foto da médica e o seguinte texto: “Embora mulher, não era negra, não era pobre, não era feminista, não era militante de partidos políticos, não frequentava os círculos LGBT, não era MTST, CUT ou PSOL, não estava dentro dos programas de assistências de cotas do Governo. Enfim, não preenchia os requisitos necessários para uma mobilização nacional“.
Zezé explicou que a postagem não era dele, mas estava repostando por achar coerente: “Vamos refletir?!!! Como cidadão tenho direito de expressar minha opinião (opinião). Aos que concordam comigo, obrigado!! Aos que divergem, apenas conteste sem ofensas. Lembrando, apenas, que o texto não é meu. Repostei, porque achei coerente e verdadeiro. Parabéns ao autor!! Transformar uma barbárie em politicagem, não!!!”
Em suma, Zezé usou o caso da médica como uma forma de diminuir a importância da morte de Marielle. Em nenhum momento o músico demonstrou algum sentimento de pesar pelo assassinato da vereadora.
Zezé não entende que quem chora a morte de Marielle não está ignorando nenhuma outra morte violenta. No entanto, é evidente que a morte de uma figura pública tende a gerar uma comoção maior, sobretudo em se tratando da 5ª parlamentar mais bem votada na última eleição municipal do Rio de Janeiro.
Considere-se, ainda, o agravante de o crime ter sido uma execução com o objetivo de silenciar uma voz política que ecoava bandeiras muito bem definidas.
Pesos e medidas
Em 2015, ano da morte do sertanejo Cristiano Araújo, Zezé foi um dos principais críticos de Zeca Camargo, jornalista que questionou os motivos que levavam tanta gente a lamentar a morte de um cantor que, para ele, não era tão famoso.
Naquele dia, Zezé não publicou nenhuma notícia de acidente de carro envolvendo algum anônimo e questionando os motivos da mídia não dar o mesmo tipo de importância para outros casos.
Uma frase do jornalista Helder Maldonado resumiu bem o que reside por trás da postura de Zezé Di Camargo:
“Zezé pode se comover com o que quiser. Inclusive deveria ter ido para a rua contra o absurdo que foi a morte de Gisele em 2016. Mas é mais conveniente ficar nas redes sociais desmerecendo a luta e a tragédia de quem não está alinhado politicamente com que ele pensa. É bem triste que uma pessoa que trabalha tantos anos com música cantando o amor não tenha desenvolvido a mínima sensibilidade para momentos como esse“.
Veja aqui o que já se sabe da morte de Marielle Franco.
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