Bastião da moralidade, como Jair Bolsonaro explica a adesão à sua sigla de um deputado denunciado pela Procuradoria Geral da República por lavagem de dinheiro?
Já próximo do prazo legal para que parlamentares troquem de partido, o deputado federal Alfredo Kaefer pulou do PR para o PSL do inacreditável Jair Bolsonaro, o bastião da moralidade.
“Todos os médios e grandes partidos estão oferecendo algo em torno de R$ 2 milhões”, explicou ele sobre o que teria motivado a mudança.
Parêntese rápido: como a próxima será a primeira eleição geral após o veto às doações empresariais, a divisão dos recursos dos fundos eleitoral e partidário ganhou importância máxima. E partidos como o PR devem encolher. Ligeiro, Kaefer caiu fora da legenda.
E quem é Alfredo Kaefer?
O deputado é dono do Grupo Diplomata que tem frigoríficos de aves e suínos como seus principais negócios.
E assim como na carreira política, Alfredo Kaefer também procura por atalhos que levem ao dinheiro mais rápido em suas empresas. O caminho nem sempre é honesto.
Em janeiro deste ano, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal), duas denúncias contra Alfredo Kaefer.
O deputado é acusado de praticar diversos crimes para beneficiar suas empresas (e o próprio bolso, obviamente) o que teria causado prejuízo a credores públicos e privados.
Entre as acusações relacionadas pela PGR contra Kaefer estão a sonegação e omissão de informações durante o processo de recuperação judicial de cinco empresas do grupo Diplomata (a omissão de informações teria induzido a erro a Justiça, o Ministério Público e os credores.), além de falsidade ideológica e fraude a credores.
“Ao longo dos anos, valendo-se de ampla estrutura empresarial, Alfredo Kaefer fez diversos atos de confusão patrimonial, de blindagem de seu patrimônio pessoal e de concentração de dívidas em empresas, com a capitalização de outras não englobadas no Processo de Recuperação Judicial”, escreveu Raquel Dodge na peça de denúncia.
A Procuradoria Geral da República pediu o bloqueio e a indisponibilidade de bens, direitos e valores do deputado e de 14 de suas empresas pertencentes a ele – até o limite de R$ 341 milhões – como forma de garantir o ressarcimento dos danos causados por Alfredo Kaefer.
Eram duas denúncias, lembra? Pois bem, a outra refere-se a um tombo menor em termos financeiros, mas tão grave quanto no quesito idoneidade. Segundo Raquel Dodge o golpe foi de ‘apenas’ R$ 249,5 mil.
Para tanto, Alfredo Kaefer e sua esposa, Clarice Roman, emitiram duplicatas falsas pela venda de insumos (milho e farelo de soja) para a Cooperativa Agropecuária Sul (Coopersul). A cooperativa entrou com uma denúncia crime.
Está achando pouco, leitor? Então senta que lá vem mais.
Como se não bastassem as maracutaias citadas acima, Alfredo Kaefer ainda está com mais um inquérito nas costas (cuja abertura o STF atendeu também a pedido da PGR Raquel Dodge) por lavagem de dinheiro.
Segundo as denúncias, Kaefer utilizou patrimônio de outras pessoas jurídicas (das quais também é dono) para financiar suas candidaturas políticas em 2010 e 2014.
Então como um deputado com este ‘perfil’ torna-se companheiro de sigla de Bolsonaro?
“Bolsonaro tomou o partido para si e está fazendo as coisas de maneira anti-democrática. Ele não tem compromisso partidário muito menos com o povo”, declarou ontem o ex-presidente do PSL de Minas Gerais, Carlos Alberto.
Ele, a esposa mulher (a deputada federal Dâmina Pereira) e pelo menos sete outros integrantes que comandavam diretórios estaduais da sigla decidiram abandonar o partido.
Enquanto alguns saem do PSL por causa de Bolsonaro, outros chegam.
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