Em áudio vazado, Chico Pinheiro critica Sergio Moro e aconselha Lula após a prisão do ex-presidente. Jornalista não se pronunciou sobre o episódio, mas já fez piada ao vivo que indica autenticidade do áudio. Rede Globo afirma que não irá comentar o caso
Um áudio atribuído ao jornalista Chico Pinheiro passou a circular em grupos de WhatsApp e vídeos do Youtube (ver abaixo) após o ex-presidente Lula se apresentar à Polícia Federal para cumprir pena.
O áudio começa dizendo que “o fetiche deles” era o Lula na cadeia. “Que o Lula tenha calma, sabedoria, inspiração divina pra ficar quieto um tempo ali onde ele está. Se a gente pensar bem, aquela acomodação em que ele está é melhor que todos os lugares onde ele dormiu quando era criança e quando ele estava na juventude. Deixa quieto um tempo pra ver o que é que eles vão fazer”, diz a gravação.
“A coisa está louca. A direita não tem o que fazer. Os coxinhas estão perdidos. Eles têm que arranjar outro caminho agora. Que o Lula tenha paz e sabedoria, ele está bem guardado, ele está protegido, e ele está caminhando por aí. Porque é como ele disse, a melhor frase de tudo, ‘eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia’, ideia não se prende. A gente tá solto”.
“Quando a pessoa deixa de ser um ser humano e se transforma numa ideia, começa o pesadelo. Vai ser difícil eles dormirem”.
Em seguida, ainda há uma crítica à legenda da GloboNews, que pertence ao grupo Globo, no qual o jornalista trabalha. A legenda diz “Sem Lula, PT precisa traçar novas estratégias”. “Ora, quem tem que traçar novas estratégias são eles, o que eles vão fazer agora?”, segue a gravação.
Depois, a voz começa a cantar uma paródia da música Pesadelo, de Paulo César Pinheiro, trocando o “muro” da letra por “Moro”, em referência ao juiz federal que determinou a prisão do ex-presidente.
“Quando o Moro separa uma ponte une/ A vingança encara o remorso pune/ Você vem me agarra, alguém vem me solta/ Você vai na marra, ela um dia volta/ E se a força é tua ela um dia é nossa/ Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando/ Que medo você tem de nós, olha aí”.
Depois da cantoria, há um pedido para que a cantora Ana Cañas regrave a música, “pedido do Chico Pinheiro”, diz o áudio, e a despedida é “beijo coala pra vocês. Vamos em frente. Eu to aqui no meu posto, difícil, mas eu tenho perspectiva histórica. Um beijo no coração de vocês que me representaram quando eu tive que apresentar aquele jornal de ontem, mas tá tudo bem”. Chico Pinheiro apresentou, no Jornal Nacional, a notícia da prisão de Lula.
Segundo a revista Exame, a Rede Globo afirma que não vai comentar o caso, nem mesmo se pronunciar sobre a veracidade da gravação. Questionado pela revista Veja sobre a autenticidade do áudio, Chico Pinheiro respondeu: “Não tenho nada a dizer a respeito”.
Piada
Encarregado pela apresentação dos desfiles das escolas de samba de São Paulo neste ano, na TV Globo, Chico Pinheiro soltou uma piada no ar.
No desfile mais político do Carnaval 2018, a Império da Casa Verde fez uma apresentação marcante, criticando a desigualdade social e a corrupção. Lá do estúdio da Globo no sambódromo do Anhembi, o jornalista alfinetou:
“Bora, não pode parar não. Tem que manter isso aí”, disse Pinheiro, com ênfase na última frase durante comentário sobre o desfile. A sentença foi repetida por ele em outro momento no estúdio.
Aos que não lembram, a frase “tem que manter isso ai” foi dita por Michel Temer a Joesley Batista, da JBS, sobre a mesada de 500.000 reais semanais pagos ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A fala acabou divulgada entre muitas gravações que apontavam esquemas de corrupção no país.
Chico Pinheiro
Para quem acompanha as redes sociais, não é novidade que Chico Pinheiro é um homem de esquerda. O jornalista costuma frequentar as rodas de samba promovidas por Zeca Pagodinho, eventos frequentados majoritariamente por pessoas identificadas com o campo progressista.
Em uma de suas últimas postagens no Twitter, Pinheiro divulgou uma frase do escritor José Saramago que retrata o atual ‘cidadão de bem’ brasileiro:
“Os fascistas do futuro não vão ter aquele estereótipo de Hitler ou Mussolini. Não vão ter aquele jeito de militar durão. Vão ser homens falando tudo aquilo que a maioria quer ouvir. Sobre bondade, família, bons costumes, religião e ética. Nessa hora vai surgir o novo demônio, e tão poucos vão perceber a história se repetindo”
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