Patrícia Mitie Koike, de 20 anos, foi espancada até a morte pelo namorado, que é estudante de medicina. Ele passou horas dando voltas de carro com o corpo da jovem no banco do passageiro até ser considerado suspeito. Irmão da vítima divulga carta-desabafo
Patrícia Mitie Koike, de 20 anos, é a mais nova vítima de feminicídio no Brasil. A jovem foi espancada até a morte pelo namorado, Altamiro Lopes dos Santos, que é estudante de medicina e confessou o crime.
Testemunhas chamaram a polícia após avistarem o rapaz com atitude suspeita na noite da última segunda-feira (9) em um posto da cidade de Nova Iguaçu (RJ). Altamiro estava no local de carro, com a namorada já morta no banco do carona.
Câmeras de segurança do posto mostram Altamiro chegando de carro e, minutos depois, várias pessoas olharam para dentro do veículo.
Com a chegada da polícia, o estudante de medicina tentou escapar, mas foi capturado. A princípio, ele afirmou que estava tentando socorrer a namorada. Em seguida, confessou que brigou com ela e a espancou até a morte.
Patrícia foi levada pelos agentes para o Hospital Geral de Nova Iguaçu mas, de acordo com a equipe médica, ela chegou morta. As primeiras análises de legistas indicaram que a agressão aconteceu havia pelo menos 24 horas e que Altamiro teria lavado o corpo.
Relacionamento abusivo
Os pais de Patrícia estão no Japão e receberam com muita dor a morte da filha. Nesta terça-feira (10), o irmão da vítima publicou um desabafo nas redes sociais e admitiu que a jovem era vítima de relacionamento abusivo.
“A dor mais intensa que já senti na vida, mas precisava que seus amigos soubessem disso”, escreveu Lauro Hideki, 18, que também está no Japão. Na mensagem de despedida, publicada nas redes solciais, Lauro diz que a irmã “não foi a primeira e não vai ser a última vítima de relacionamento abusivo.”
Segundo Lauro, a última conversa que teve com a irmã foi através de mensagem, há uma semana. Ele afirma que eles se distanciaram um pouco desde que ela se mudou de Sorocaba (SP) para a Baixada Fluminense com o namorado.
“Desde a época que Patrícia morava junto com a gente, ela e o namorado tinham brigas exageradas por Skype, só não sabemos se acontecia algo quando ela ia na casa dele. Nosso contato com ela era mais por mensagem”, relata.
Mudança
Segundo Lauro, a irmã foi morar no Rio de Janeiro antes de ele viajar com os seus pais para o Japão. “Ela queria focar nos estudos e acabamos deixando ela seguir esse caminho, queria fazer medicina”.
“Tentávamos conversar sempre, porém ela não se abria e percebemos que tinha alguma coisa de errado. Nosso horário [fuso] nunca foi um problema, acredito que ele proibia contato”, relatou Lauro.
“Minha lembrança é de uma menina esforçada, batalhadora, a melhor irmã que eu poderia ter, mas infelizmente tivemos nossos destinos cruzados. Relacionamento abusivo é exatamente assim, todos conseguem reconhecer, somente a pessoa que não”, desabafou o irmão.
Nas redes sociais, ele divulgou o seguinte texto:
Minha irmã, me dói MUITO ter que escrever isso, a dor mais intensa que já senti na vida, mas precisava que seus amigos soubessem disso tudo.
Você não foi a primeira e não vai ser a última vítima de relacionamento abusivo, vemos tanta coisa na mídia mas jamais imaginamos que isso um dia aconteceria em nossa família.
Nem imagine o quão está sendo difícil para nós aqui no Japão, mas saiba que farei o possível para que nenhuma mulher mais seja vítima desse tipo de crueldade.
EU TE PROMETO ISSO!
Te amamos muito, descanse em paz
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