Professora que matou filha grávida e esfaqueou neto é posta em liberdade
Justiça liberta professora que matou a filha grávida de sete meses e esfaqueou o neto de quatro anos no pescoço. Decisão afirma que ela está apta a conviver em sociedade e fazer tratamento em casa
Um assassinato que chocou o Brasil em 2016 volta a ganhar destaque na mídia. Isto porque a autora do crime foi colocada em liberdade na última terça-feira (8).
Depois de quase dois anos internada em um hospital psiquiátrico, a professora de música Alda Poggi Pereira “está apta a conviver em sociedade”. A informação foi divulgada pelo promotor Eliseu José Berardo Gonçalves, com base em laudo feito por peritos judiciais.
Alda matou a filha grávida de sete meses e esfaqueou o neto, que sobreviveu. A professora tinha sido levada para o hospital quando obteve liberdade provisória vinculada à internação em ala psiquiátrica, em julho de 2016. Ela ainda responde por crime de homicídio.
O promotor Eliseu destaca, porém, que Alda ainda é considerada inimputável. Nesse caso, a prisão é convertida em internação em casa de custódia para tratamento psiquiátrico.
“O prazo mínimo dessa internação é um ano. Como ela passou dois e o perito diz que está sob controle, poderá nem ser mais aplicada a medida. Como o médico já disse que não há periculosidade, eu temo que ela não fique mais internada dia nenhum”, afirma Eliseu.
“Segundo o perito, ela não oferece risco e ficará só sob tratamento ambulatorial, ou seja, vai ao posto de saúde e toma um remédio. Liberdade ampla para quem matou a filha e o bebê”, continua o promotor.
Relembre o caso
Alda esfaqueou a própria filha, Ligia Poggi Pereira, de 30 anos, enquanto ela dormia dentro da casa da família. Ligia foi golpeada na barriga e na mão. Em seguida, a professora deu duas facadas no pescoço do neto de quatro anos. O crime aconteceu na cidade de Ribeirão Preto.
Depois de matar a filha, Alda ainda ligou para um vizinho, dizendo que cometeria suicídio. O homem foi até a residência da professora e conseguiu evitar que ela se matasse. Ligia chegou a ser submetida a uma cesárea, mas ela e o bebê não resistiram.
Nos primeiros depoimentos prestados à polícia, Alda afirmou que não se lembrava do dia do crime. O inquérito concluiu, porém, que horas antes de esfaquear a filha e o neto, a professora de música comprou combustível e as facas usadas.
A Polícia Civil de Ribeirão Preto e o Ministério público tentaram apurar a suspeita de que Alda tinha um caso extraconjugal com o vizinho que a impediu de cometer suicídio e se ela premeditou a morte da filha, mas não chegaram a conclusão alguma.
Ligia Poggi Pereira era mestranda na Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp de Araraquara e professora de sociologia. Na época do crime, Matheus Vieira, seu marido, divulgou um desabafo nas redes sociais após internautas promoveram campanhas de perseguição e linchamento:
“A lembrança que tenho da Alda, mãe da Lígia é de uma mulher apaixonada pela família e que sempre fez tudo pelo neto e pela filha, nunca ninguém imaginaria que uma coisa dessas pudesse vir a acontecer e não tenho dúvidas que ela não estava em sã consciência, assim não quero saber os motivos que levaram a isso pois tenho certeza que não existem motivos racionais que expliquem […] Talvez psiquiatras consigam ter um diagnóstico, quero deixar registrado que doenças psiquiátricas não são frescura e tem que ser tradadas, no entanto nunca soube se Alda era ou não diagnosticada com alguma. Agora peço que parem de divulgar endereços, fotos indevidas e mensagens de incitação ao ódio, quem tem que fazer justiça é órgão competente a isso, estamos estarrecidos com tudo isso e espero somente que preservem tudo de bom que nos restou”