Racismo não

Dois bilhetes racistas são encontrados na UFC em menos de uma semana

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Bilhetes com mensagens de puro ódio a negros são encontrados na UFC. Estudante que encontrou um dos folhetos preferiu, inicialmente, não denunciar o caso por medo de represálias

Em menos de uma semana, dois bilhetes racistas foram encontrados no campus da Universidade Federal do Ceará (UFC). Na terça-feira (15), um aluno do mestrado em Avaliação em Políticas Públicas encontrou um folheto com uma mensagem de ódio a negros em um mural do Núcleo de Pesquisa e Estudos Regionais – Nuper. As informações foram divulgadas pelo jornal O Povo.

A princípio, o jovem preferiu não denunciar o caso e apenas retirou o folheto do local. Porém, após a repercussão de um outro bilhete racista encontrado no último dia 11 em um dos banheiros do Centro de Humanidades 2 (CH2) da UFC, o aluno decidiu fazer a denúncia. “Fiquei completamente chocado. A caligrafia é idêntica”, revelou.

O estudante disse ainda que não fez a denúncia no primeiro momento por temer represálias: “Pode ser qualquer um, colega de sala, professor”.

A universidade se pronunciou oficialmente sobre os dois casos. A respeito do bilhete racista no banheiro, a instituição de ensino disse “repudiar qualquer atitude que transgrida a dignidade das pessoas”.

Em relação ao folheto racista no mural do Nuper, a UFC reafirmou que práticas desta natureza não serão toleradas na instituição e que os responsáveis, se identificados, serão punidos.

UFC omissa?

O estudante que denunciou o segundo caso prefere ter a sua identidade resguardada. Ele considera que a universidade tomou uma posição “meramente formal” diante da gravidade do assunto. “A UFC precisa tomar uma atitude imediata, pois o caso é muito grave. Isso é uma violência contra a cidadania”, cobra.

Henry de Holanda Campos, reitor da UFC, escreveu uma nota de repúdio ao racismo e xenofobia nos bilhetes encontrados. Segundo o reitor, o anonimato do autor revela “por um lado, covardia, e por outro, a convicção de que suas palavras maldosas não ecoam” na universidade.

O reitor lembra que a UFC tem uma política inclusiva “com esforço de internacionalização que a transformou em uma das universidades brasileiras que mais acolhem estudantes estrangeiros”.

“Muito nos orgulha ter em nossos campi jovens de diversos países, que enriquecem o ambiente acadêmico através dos aportes culturais que nos trazem. Hoje, a internacionalização da universidade é um imperativo institucional”, afirma.

Imagens dos dois bilhetes racistas:

O estudante que encontrou o primeiro bilhete no banheiro da UFC relatou em publicação no Facebook que, ao sair do banheiro, se deparou com alguns alunos africanos estudando nas proximidades. Ele lamentou a situação ponderando que “estamos vivendo em um tempo em que racistas, fascistas perderam a vergonha e estão tirando os seus capuzes”. E finalizou o desabafo com um questionamento: “negros nas universidades: além de cotas, precisarão também de escolta?”.

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