Depois de ser humilhado e protagonizar uma imagem que rodou o mundo quando tentou visitar Lula na prisão, Leonardo Boff agora é autorizado a encontrar o ex-presidente
Marcelo Auler, em seu blog
Depois de aguardar, na manhã da calorenta quinta-feira (19/04), solitariamente sentado ao lado da guarita de segurança na entrada do estacionamento do prédio da Polícia Federal, em Curitiba, sem merecer o tratamento digno que a lei lhe garante pelos seus 79 anos, o teólogo Leonardo Boff finalmente conseguirá o que desejava.
Seguindo o que prega o capítulo 25 do Evangelho de São Mateus – “estive preso e foste me visitar” – Boff, na próxima segunda-feira (07/05), visitará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na condição de líder religioso.
Sua estada com o ex-presidente foi acertada nesta quinta-feira (03/05) entre a defesa do ex-presidente e a Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal do Paraná (SR/DPF/PR). Ela é tratada como “assistência religiosa” ao preso. Por isso ocorrerá em dia diferente da visita de parentes e, agora, dois amigos, marcadas para as quintas-feiras. As segundas-feiras, enquanto estiver ali, Lula terá garantida a “assistência religiosa”. Na lista dos que lhe farão esta visita está o amigo de 40 anos, Frei Betto.
Em documento encaminhado à juíza Carolina Moura Lebbos, que responde pela Vara de Execuções Penais da Justiça Federal em Curitiba, a superintendência do DPF também não se opôs a dois pedidos protocolados há tempos pela defesa do ex-presidente.
O primeiro diz respeito à instalação de uma esteira ergométrica no quarto ocupado por Lula para exercícios físicos, atendendo a recomendações médicas. Outra solicitação acatada pela polícia, nos mesmos moldes do que acontece com outros presos que se encontram na carceragem, foi da visita de médicos particulares a Lula. Notadamente o cardiologista. Ambos os pedidos, porém, dependem ainda da concordância da juíza.
A relação dos próximos amigos a visitarem Lula ainda não foi definida por seus defensores. Ela será feita com a participação do próprio preso. A lista de interessados em visitá-lo é grande e a cada dia cresce mais. Mesmo tendo a juíza Carolina determinado, no dia 25 passado, que “eventuais novas solicitações de visitas devem ser direcionadas à Autoridade Policial responsável pelo estabelecimento de custódia do apenado e somente serão analisadas pelo Juízo após comprovação do indeferimento nestes autos, mediante representação processual”, novas solicitações estão sendo protocoladas junto à Vara de Execuções.
A última foi feita pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo e Mogi Das Cruzes, Miguel Eduardo Torres.
Ainda pelo acordo feito entre a defesa de Lula e a Polícia Federal, nesta quinta-feira (03/04), senadora Gleisi Holffmann (PT-PR), presidente do PT, e o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, foram os primeiros dois amigos do ex-presidente a terem autorização para visitá-los. Estiveram com ele, separadamente, depois da visita dos filhos, irmão e netos.
Ao sair da visita nesta quinta-feira, a senadora explicou que “não discutimos sobre o seu processo, sobre o enfrentamento que ele tem que fazer. Ele disse que fica pensando no Brasil o tempo inteiro, e isso é um dos fatores motivadores para que ele seja candidato à presidente”, frisou a presidente nacional do PT.
Sobre as acomodações, Gleisi foi enfática: “O problema não é esse. É que ele não deveria estar onde está”, garantiu. “O presidente Lula é grande demais para estar preso”, completou, desviando novamente o assunto para a pauta econômica.
Vejam abaixo a entrevista da senadora Gleisi Holffmann e do ex-governador Jaques Wagner ao saírem da Polícia Federal:
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