Decisão judicial permitiu que estudante racista da FGV retornasse à sala de aula nesta segunda-feira. O jovem, que havia sido suspenso por três meses, foi alvo de protestos
Uma decisão judicial permitiu que Gustavo Metropolo, 20, retornasse à sala de aula na FGV (Fundação Getulio Vargas) de São Paulo nesta segunda-feira (7).
O jovem havia sido suspenso em março por três meses após chamar um colega negro de “escravo”. Gustavo foi recebido na instituição de ensino sob protestos.
Cartazes contra o retorno do aluno foram espalhados na sede da escola de administração, no centro da capital paulista, e o movimento negro da instituição publicou nota de repúdio.
“o racista voltou! Lugar de criminoso é dentro da cadeia e não na sala de aula”, dizia um cartaz. Outro folheto estampava: “Racistas não vão assistir aula ao nosso lado. Ao ver ele nas salas e nos espaços da FGV saiam”.
A suspensão de Gustavo por três meses estava prevista no Código de Ética e Disciplina da FGV. A análise para uma possível expulsão do aluno estaria ainda sendo realizada.
No entanto, a família de Gustavo conseguiu na Justiça uma decisão liminar que garante seu retorno temporário às aulas.
Os pais de Gustavo são advogados e assinam a defesa do jovem Segundo a mãe, a advogada Ana Paula Rodrigues Metropolo, a fundação não deu amplo direito de defesa a seu filho. “Em 24 horas, a FGV fez um procedimento contra ele, sem dar o direito de chamar os pais ou advogado, e ofertou a suspensão”.
Entenda o caso
Uma mensagem de Gustavo publicada em um grupo privado de WhatsApp vazou nas redes sociais. Nela, o aluno encaminha uma foto de outro estudante negro com o seguinte comentário: “Achei um escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”.
Gustavo teria admitido a autoria da mensagem à direção da instituição. No processo, entretanto, a família argumenta que isso não ocorreu. A família alega ainda que Gustavo havia tido o celular roubado e não escreveu a mensagem racista.
O coletivo Negro 20 de novembro da FGV divulgou na semana passada nota de repúdio em que exige novo processo administrativo e a expulsão do aluno. “Sofremos juntos a vítima que terá que conviver no mesmo ambiente que seu agressor”, diz a nota.
Em nota, a FGV informou que o caso está sendo tratado na Justiça e que não comentará o assunto.
A vítima
O aluno negro que foi vítima dos comentários racistas de Gustavo disse que o agressor foi covarde ao fotografá-lo sem que ele percebesse e por não ter tido a coragem de enfrentá-lo pessoalmente:
“Tão perto de mim… por que não foi falar na minha cara? Mas você optou pela atitude covarde de tirar uma foto minha e jogar no grupo dos amiguinhos. Se seu intuito foi fazer uma piada, definitivamente você não tem esse dom. Acha que aqui não é lugar de preto? Saiba que muito antes de você pensar em prestar FGV eu já caminhava por esses corredores. Se você me conhecesse, não teria se atrevido. O que você fez além de imoral é crime! As providências legais já foram tomadas e você pagará pelos seus atos”.
A vítima garantiu ainda que vai até as últimas consequências para que o caso não termine impunemente:
“Não descansarei até você ser expulso dessa faculdade. Pessoas como você não devem e nem podem ter um diploma da Fundação Getulio Vargas. A mensagem é curta e direta. Mas serve para qualquer outrx racista da Fundação. Não passará!”
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