Juiz que agrediu e mandou prender deficiente é apoiado por Associação dos Magistrados
Associação dos Magistrados se manifesta publicamente para defender o juiz que, descontrolado, agrediu e mandou prender um deficiente físico durante paralisação nas estradas. Na prisão, a vítima chegou a convulsionar. Caso revoltou internautas
Valtemir Noia, de 47 anos, deficiente físico, ficou conhecido em todo o Brasil por ter sido preso por ordem do juiz Agílio Tomaz Marques, na região da cidade de Sousa, na Paraíba.
Um vídeo mostrando a confusão viralizou na semana passada. Os dois se encontraram em um bloqueio da greve no sertão paraibano. O juiz queria passar e, segundo o deficiente, teria jogado o carro sobre os manifestantes.
Valtemir alega que, para não ser atingido, se desviou do automóvel e teria batido acidentalmente com o capacete no retrovisor do carro do magistrado. Ele recebeu ordem de prisão e foi levado à delegacia, onde passou nove horas detido.
A esposa de Valtemir isse que ele foi agredido, passou mais de nove horas detido na delegacia e, por conta da demora, sofreu uma crise convulsiva e precisou ser medicado.
“Ele ficou mantido preso o dia todo. Ele não agrediu ninguém. Pelo contrário, ele quem foi agredido. No início da tarde ele foi solto, mas o juiz ligou para a delegacia e mandou a polícia trazê-lo de volta. Ele permaneceu atrás de uma grade com cadeado durante várias horas”, relatou.
“Eu sou um juiz”
Nas imagens que repercutiram, o magistrado Agílio Tomaz Marques aparece gritando e empurrando o manifestante e em seguida ordena aos policiais que o prendam: “Eu sou um juiz, prenda esse cidadão e o leve para delegacia”.
A Associação dos Magistrados da Paraíba, demonstrando todo o seu corporativismo, divulgou uma nota de apoio ao juiz e tentou justificar o ato:
“O vídeo não mostra a situação desde o início. O que aconteceu na realidade é que o cidadão danificou o carro do magistrado e com isso ele cometeu um crime. O fato é que o juiz deu ordem de prisão e ele estava se recusando a ser preso. Não há abuso de autoridade. O manifestante se recusou a ser preso e inevitavelmente houve a necessidade do uso da força física”.
A nota foi assinada pela juíza Maria Aparecida Sarmento Gadelha, presidente da AMPB.
VÍDEO: