Direita

O complexo de “onimpotência” da direita brasileira

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Os episódios dos tiros contra Lula e seus simpatizantes são muito significativos. O cidadão se acha sem argumentos, é óbvio. Sinal de impotência. Só lhe resta o argumento do tapa. Esteja onde estiver. Contra quem for. Sinal de onipotência. Resultado: o complexo de "onimpotência"

Flavio Aguiar, Blog do Velho Mundo

No 1º de maio em Berlim houve manifestação pró-Lula-livre. Dentro da tradicional manifestação da central alemã, Deutschen Gewerkschaftsbundes, a DGB. Foi um sucesso. Muita curiosidade dentro do tema. Pessoas recolhendo a carta, por nós distribuída, da seção do IG Metall (Sindicato dos Metalúrgicos), de Wolfsburg, sede da Volkswagen, em solidariedade ao nosso ex-presidente. Barulho, gritaria: “Lula livre! Fora Temer! Marielle – presente! Anderson – presente!” e outras mais.

Uma amiga minha estava voltando para casa, levando a mãe, que também comparecera, uma senhora idosa, em cadeira de rodas, quando um incidente aconteceu.

Elas estavam na Potsdamer Platz, esperando o sinal para atravessar a rua. De repente minha amiga sentiu uma pancada nas costas, ali onde ela portava um cartaz com a foto de Lula e a inscrição “Lula livre“. Ela pensou que fora um esbarrão. Voltou-se e deparou com um cidadão irado, com uma mulher ao lado, perguntando se ela sabia de quem se tratava. Pensando que ela fosse alemã, ou estrangeira de outra nacionalidade, ele falou em inglês.

Ela, que tem cidadania alemã, se identificou como brasileira, pois nasceu em nossa pátria, e também tem o passaporte. A fúria do cidadão cresceu. Disse um monte de impropérios para ela, que respondeu calmamente que ele podia colocar seus argumentos, e ela poria os dela. O cidadão ficou mais furioso ainda, e disse que por causa do Lula ele “deixara o Brasil“. Ela repetiu a generosa oferta do diálogo, mas que caiu em ouvidos moucos. Nesta altura, a senhora dele começou a puxa-lo para trás, até que ambos se foram, e minha amiga, mais sua mãe cadeirante, puderam continuar seu caminho para casa.

O incidente me despertou uma série de reflexões, que já compartilhei com minha amiga e agora compartilho com @s leitor@s:

O cidadão, típico coxinha, perdeu a noção de limite. Você pode odiar o Lula, mas não agredir fisicamente alguém por causa disto.

Mais: ele agrediu, pelas costas, com um tapa, uma mulher, que levava uma senhora idosa cadeirante. Covardia. Misoginia. Direita brasileira…

Ele confundiu minha amiga com uma cidadã alemã. Agrediu-a assim mesmo.

Outra perda da noção de limite. Fosse minha amiga esquentada, ela teria chamado a polícia, e ele seria detido: agredindo mulher, com tapa, no meio da rua, ela começando a atravessa-la, e levando uma senhora idosa cadeirante. Vários agravos. Um processo complicado, no mínimo.

O episódio é muito significativo. O cidadão se acha sem argumentos, é óbvio. Sinal de impotência. Só lhe resta o argumento do tapa. Esteja onde estiver. Contra quem for. Sinal de onipotência. Resultado: o complexo de “onimpotência” que atualmente assola a direita brasileira. Este é um conceito de minha lavra, com pedido de perdão a Freud, Jung, Reich, Karen Horney, Lacan etc.

Querem outro sinal?

Assisti o vt do cara assassino disparando contra o acampamento pró-Lula em Curitiba. O que vejo? O cara se aproxima do acampamento. A seguir ele aparece. Recuando. Disparando, E dispara a correr, fugindo. A imagem é clara: ele dispara, mas foge, “onimpotência“. Único argumento: a bala.

Não pensem que estou dizendo que esta canalha (incluindo o coxinha de Berlim) é fraca. Pelo contrário. O sentimento de “onimpotência” a torna mais perigosa. Felizmente a única “arma” que o irado brasileiro em Berlim levava era sua esposa, que acabou entrando pra turma do deixa disso e empurrando-o pra longe. Imagine se ele tivesse uma 9mm.

A síndrome dos golpistas, todos eles, do mais reles deputado da vergonha de abril de 2016, até o presidente (?) escorraçado das ruas de S. Paulo ao visitar os escombros do incêndio no Largo Paissandú, passando pelos procuradores e juízes de Curitiba, da PGR, do Congresso Nacional, da PF, é que eles não têm mais volta. Se a roda da fortuna gira, e eles se veem desapegados do poder, estão perdidos. Ou seja: vão se tornar mais agressivos, mais destrambelhados, mais sem sem noção de limites.

Como o cidadão que agride duas senhoras, uma delas cadeirante, num sinal de tráfego de Berlim.

Bom, ele falou uma única coisa sensata. Seja lá por que motivo for, saiu do Brasil. Espero que definitivamente.

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