Polícia Militar

Policiais que tiraram a vida de Luana Barbosa continuam impunes

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Luana Barbosa levava seu filho a um curso de informática quando foi covardemente assassinada por três policiais militares. Depois de muita pressão, MP denuncia envolvidos por homídio triplamente qualificado, com motivo torpe, feito por meio cruel e sem chance de defesa; delegado havia apontado apenas ‘lesão corporal’

Alê Alves, Ponte

O promotor Eliseu José Berardo Gonçalves denunciou os três policiais militares acusados de matar Luana Barbosa dos Reis por homicídio triplamente qualificado. São eles Douglas Luiz de Paula, Fábio Donizeti Pultz e André Donizeti Camilo. A morte aconteceu no dia 13 de abril de 2016, na periferia de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e somente em 5 de abril deste ano a Polícia Civil indiciou o trio.

A denúncia será encaminhada nesta sexta-feira (20/4) para o juiz José Roberto Bernardi Liberal. “Houve motivação torpe, efetuada por meio cruel e sem a mínima chance de defesa. Os policiais deliberaram matar Luana porque ela reagiu a uma abordagem desnecessária”, afirmou à Ponte o promotor Gonçalves, que também pediu a prisão preventiva dos policiais.

O processo de inquérito foi concluído no 3º Distrito Policial de Ribeirão Preto em 5 de abril. Depois disso, foi enviado ao Ministério Público. Na conclusão do inquérito, o delegado Euripede Stuque indiciou os três PMs por lesão corporal seguida de morte.

Na época do crime, os três PMs estavam lotados no 51º BPM/I (Batalhão de Polícia Militar do Interior). Em abril de 2017, a Ponte divulgou que o policial Douglas Luiz de Paula havia se aposentado e Fábio Pultz e André Camilo realizavam “serviços administrativos” na corporação. Contatada por por e-mail, a assessoria da Polícia Militar não confirmou se os dois últimos ainda realizavam serviços administrativos.

Lembrando o caso

Luana morreu na noite do dia 13 de abril de 2016, cinco dias após ser abordada e espancada por três policiais militares no bairro Jardim Paiva II, na periferia de Ribeirão Preto. Segundo boletim médico emitido à época, a morte foi causada por um traumatismo crânio encefálico e uma isquemia cerebral.

Segundo familiares, Luana levava seu filho a um curso de informática quando parou em frente a um bar para cumprimentar um amigo e foi abordada por policiais militares que circulavam em seu bairro. Ao questionar a abordagem e exigir a presença de uma policial mulher para realizar a revista, Luana recebeu um soco e um chute que a derrubaram no chão, segundo contaram testemunhas aos familiares.

Ao se levantar, Luana deu um soco na boca de um dos policiais e um chute no pé de outro, sendo então espancada por três PMs com cassetetes e com o capacete que ela usava. Em seguida, Luana foi levada para a delegacia, onde foi registrado um termo circunstanciado. Cinco dias depois, Luana faleceu no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

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