Na primeira audiência, pai admite que batia forte em Emanuelly Aghata para "corrigi-la", mas nega acusações de assassinato e tortura. Mãe também está presa. Menina de 5 anos morreu com sinais de espancamento. Casal será julgado em júri popular
A primeira audiência do caso Emanuelly Aghata foi realizada na última terça-feira (19). Phelipe Douglas Alves, pai da menina de 5 anos, admitiu que a agredia violentamente, mas negou as acusações de tortura e assassinato.
“Eu dava umas palmadas nela e também uns tapas no rosto. Saía um pouco de sangue na boca. Ela desobedecia a mãe e eu corrigia a Emanuelly. Também já bati com uma boneca na cabeça dela que chegou a quebrar”, disse o pai, diante do juiz Alfredo Gehring.
Débora Rolim da Silva, mãe de Emanuelly, também participou da audiência. Os dois estão presos em Tremembé desde que tiveram a prisão preventiva decretada em março, acusados de matar a filha.
O juiz decidiu que ambos serão julgados em júri popular pelos crimes de homicídio, tortura, cárcere privado e adulteração de local do crime.
“Escorregou e bateu a cabeça”
Segundo a versão contada por Phelipe, a menina Emanuelly chegou a arranhar a mãe assim que a mulher chegou do trabalho.
“Eu estava na casa e ela estava de castigo porque já tinha desobedecido a mãe. Quando a Débora chegou, eu fui comprar um cigarro. Ao voltar, meu filho menor disse que a Manu [filha mais velha do casal] tinha arranhado a mãe. Eu fui lá no quarto e dei umas palmadas nela”, alegou ao juiz.
De acordo com Phelipe, na sequência a menina urinou na calça e, ao levar ao banheiro, ele a empurrou. Na sequência, o pai alega que a criança teria escorregado, batido a cabeça e ficado desacordada.
Phelipe também confirmou durante o depoimento que já tem passagens na polícia pela lei Maria da Penha contra Débora e também por furto, além de ter sido usuário de crack e cocaína.
A versão de Débora
Segundo a mãe da criança, o pai batia nela quando a desobedecia. Na noite da morte, ela alega que a filha a arranhou com um arame e quando Phelipe soube, foi conversar.
“Ele soube que ela tinha me arranhado e foi lá conversar com ela. Passei uma hora na porta do quarto e eles estavam conversando. Depois de 20 minutos ele estava com ela no colo. Não ouvi grito e nem choro. Ele disse que caiu e que ela teve convulsão. Aí tentamos reanimar ela com acetona e ela já estava molhada com xixi. Aí chamamos o Samu”, relatou a jovem ao juiz.
De acordo com Debora, ela não agredia a filha e que a menina sofria queda capilar.
“Eu não ia lutar três anos por ela se eu não amasse ela. Eu não ia pegar uma criança pra bater nela. Ela era uma menina doce, meiga. Só me desrespeitava. Já o Phelipe, ela obedecia. Ela estava com hematomas, mas eram poucos por causa das quedas que sofria. O cabelo ela tinha problema de queda porque eu prendia muito forte. Depois só no dia que ela morreu que vi que ela tinha mais hematomas”, afirmou durante depoimento.
Questionada sobre sangue na casa, Débora afirmou que não viu. “Eu não vi nenhum sangue pela casa. Nada”, afirmou.
ENTENDA O CASO:
— Babá diz que mãe de Emanuelly usava papel para abafar gritos da filha
— Avó de Emanuelly Aghata diz que tentou frear espancamentos
— Mãe de Emanuelly perdeu a guarda da filha em 2012
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