A primeira aparição pública de Lula desde a prisão
"Quando eu fizer um comício vou chamar o sr. para participar". Em depoimento de aproximadamente 50 minutos ao juiz Marcelo Bretas, o ex-presidente Lula fez sua primeira aparição pública desde que foi preso. Veja a íntegra
Em depoimento de aproximadamente 50 minutos à Justiça Federal nesta terça-feira (5), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou desconhecer qualquer ato envolvendo compra de votos para viabilizar o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
“O Brasil já era grande demais e já estava capacitado a fazer a as Olimpíadas. O governo brasileiro tinha o compromisso de defender o Rio de Janeiro”, disse. “Até então, fora o México (os jogos olímpicos), só tinha sido feito em país rico.”
“Lamento que venha uma denúncia de compra de delegados oito anos depois. Não sei quem fez a denúncia e não me interessa saber. Estamos num momento de denuncismo”, afirmou Lula ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
O ex-presidente prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, por videoconferência. Cabral é acusado de ser parte de um esquema de compra de votos em favor do Brasil como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
O juiz afirmou que Lula “é uma figura importante no nosso país, é relevante sua história para todos nós”. O magistrado se incluiu entre as pessoas para as quais o ex-presidente foi importante.
“Aos 18 anos, estava aqui num comício com um milhão de pessoas e usando um boné e a camiseta com seu nome”, contou. O petista respondeu: “Pode usar agora. Quando eu fizer um comício vou chamar o senhor para participar”.
Lula demonstrou bom humor mesmo antes do depoimento. Ao se ver na imagem do vídeo, comentou: “Estou bonito, hein? Essa gravata é da conquista das Olimpíadas”.
O suposto esquema envolveria dirigentes africanos. Lula lembrou que as relações do Brasil com as nações da África, no período de seu governo, eram parte de suas prioridades em política exterior.
“Viajei 34 vezes para a África, abri 19 embaixadas na África. Isso dava aos africanos quase uma irmandade com o Brasil. Eu brigava para que continentes pobres tivessem direito de realizar Olimpíada”, disse.
Segundo o Ministério Público Federal, Cabral, o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) Carlos Arthur Nuzman e o ex-diretor Leonardo Gryner teriam efetuado pagamento de US$ 2 milhões ao membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) Lamine Diack, do Senagal.
“Eu não sei qual o critério do cidadão (que fez a denúncia). Esse cidadão não deve saber nada. O ambiente no COI era de muita seriedade”, disse Lula.
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RBA