Última entrevista de Anthony Bourdain ganha contornos trágicos após a sua morte
Em entrevista publicada poucos dias antes de cometer suicídio, Anthony Bourdain falou sobre a dificuldade de se aposentar, de como se sentia ao voltar para casa após passar tanto tempo na estrada e previu como morreria
A causa oficial da morte de Anthony Bourdain foi divulgada pelas autoridades francesas na última segunda-feira (11). O chef e apresentador de 61 anos enforcou-se com o cinto do robe de banho do hotel em que estava hospedado.
Nas redes sociais, internautas apressaram-se para culpar Asia Argento, namorada de Bourdain, pela morte do companheiro. O comportamento foi repetido por “analistas” de programas sensacionalistas nos Estados Unidos.
A atriz Rose McGowan, que fazia parte do ciclo de amizades do casal, veio à público rechaçar o massacre contra Asia Argento e revelou que Bourdain já havia procurado ajuda médica.
“Eu sei que Anthony pediu ajuda antes de morrer, mas não acatou os conselhos médicos. Isso nos levou a essa tragédia, a essa perda”, disse.
Última entrevista
Em sua última entrevista, publicada há poucas semanas pela revista People, Anthony Bourdain previu que morreria “na estrada” e falou sobre a dificuldade de se aposentar.
“Já desisti [da aposentadoria]. Eu Tentei. Acho que sou muito nervoso, neurótico, obcecado. Eu poderia ter uma resposta diferente há alguns anos. Eu poderia me iludir achando que seria feliz em uma rede ou fazendo jardinagem, mas não. Tenho certeza que não seria. Eu provavelmente vou morrer na estrada”, cravou o apresentador.
Bourdain usou a expressão “Die in the Saddle”, que em tradução livre significa “morrer na sela”, mas que tem o sentido de morrer em curso, no caminho, na estrada, o que é diretamente relacionado à sua rotina de visitar diferentes países para mostrar suas curiosidades culturais e gastronômicas.
Na entrevista à People, Bourdain falou ainda sobre como se sentia ao voltar para casa após ficar ‘na estrada’ por tanto tempo. Confira trechos:
“Daqui eu volto para ver minha filha, desfazer as malas, refazê-las, simular uma vida normal, o que é extraordinariamente prazeroso para mim […]”
“Eu realmente adoro lavar roupa. Quando vou para casa, coloco a roupa na máquina e depois ouço a secadora por aí, isso é muito reconfortante para mim […]”.
Para ter acesso ao Serviço Gratuito de Prevenção ao Suicídio do CVV, ligue 188 ou acesse o site www.cvv.org.br.