10 de agosto é o "Dia do Basta"
Para dar um basta aos desmandos provocados pelo ilegítimo governo de Temer, as centrais sindicais promovem o "Dia do Basta", com paralisações por todo País
João Elter Borges Miranda*, Pragmatismo Político
Na última quarta-feira (11), as Centrais Sindicais – CUT, Força Sindical, Intersindical, CTB, UGT, NCST e CSP-Conlutas – estiveram reunidas e definiram que 10 de agosto (sexta-feira) será o “Dia do Basta”.
Com paralisações no local de trabalho, atrasos de turnos e protestos e atos públicos por todo país, o objetivo do dia nacional de lutas é avançar contra as ações do Capital que busca retomar e ampliar os seus patamares de lucros através do desemprego, congelamento dos salários, sucateamento dos serviços públicos, piora nas condições de trabalho do conjunto da classe trabalhadora, entre outros ataques.
Uma grande manifestação na Avenida Paulista, em frente à Fiesp, está prevista para ocorrer a partir das 10h, com participação de várias categorias de trabalhadoras e trabalhadores e de movimentos sociais.
Lutaremos para que o 10 de agosto seja um dia nacional de luta que impulsione a organização da necessária greve geral no país. Só assim, com a classe trabalhadora parando a produção e a circulação de mercadorias, que daremos não só um basta, mas também daremos mais um passo para barrar a barbárie que o Capital impõe a nós – os “de baixo”.
Na contramão do interesse público, o que Temer promoveu nos últimos anos foi o aceleramento e aprofundamento de medidas neoliberais, muitas das quais já vinham sendo implementadas ainda no Dilma II, como o ajuste fiscal. A ponte para o passado de Temer é responsável, assim, pela aceleração e intensificação do processo de retirada dos direitos dos trabalhadores; pela ampliação do fluxo de capitais da nossa riqueza para o sistema financeiro internacional; pela consolidação do domínio econômico, político, cultural e da propriedade intelectual norte-americana sobre a América Latina; pelo arrocho salarial; pelo aprofundamento da privatização do Estado brasileiro; enfim, o governo Temer é responsável pela implementação de um programa efetivo de mudanças neoliberais, com prazos e caminhos, que preserva os interesses dominantes, em detrimento das trabalhadoras e dos trabalhadores.
Em resultado, vemos altos índices de rejeição; destruição de direitos trabalhistas; flagrantes de corrupção; aumento de impostos; congelamento dos investimentos sociais por duas décadas; deturpação da educação; crise econômica.
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Em termos práticos, isso significa que o preço da passagem de ônibus subiu, a gasolina, gás, diesel e cesta básica também. Temer concentrou ainda mais a renda, aumentou a mortalidade infantil, fez o brasileiro voltar a cozinhar no fogão a lenha, aumentou o número de desempregados e não passa um dia sem ser novamente alvo de denúncias.
Temer faz isso porque, como sabemos, ele é um lacaio do capital. Nesse sentido, o nosso principal inimigo não é somente esse político e o seu governo, mas também o capital que, historicamente, está encastelado no Estado.
Infelizmente, muitas centrais sindicais, ao invés de fortalecerem esse dia nacional de luta para denunciar as ações do governo Temer/MDB, estão mais preocupadas com o calendário eleitoral e com pautas que têm como eixo central reclamar o fim do imposto sindical. Isso reflete que precisamos que a nossa cultura política mude num sentido que permita que as organizações da sociedade não se submetam mais ao jogo dos partidos da ordem, que atuam num sentido de manutenção do status quo; e reflete a importância de transcendermos a atuação sindical baseada no chamado “sindicalismo de Estado”.
10 de agosto deve ser, portanto, o dia do basta! “É dia de defender o emprego, a aposentadoria e um modelo econômico que beneficie a imensa maioria do povo brasileiro!”, reforçou o Secretário Geral da Intersindical, Edson Carneiro Índio.
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*João Elter Borges Miranda é professor de história formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e milita na Frente Povo Sem Medo e Intersindical.