"Estrelas" do MBL batem cabeça publicamente por causa da eleição de outubro
Sem Riachuelo, acirramento se aprofundou e MBL implodiu. Movidos por interesses distintos, lideranças do movimento usam seus canais nas redes sociais para alfinetar uns aos outros e contradições do grupo são expostas
Ricardo Miranda, Os Divergentes
O MBL, como qualquer agrupamento que tenha mais de seis membros e não seja escoteiro ou mórmon, não tem qualquer unidade interna. E o acirramento se aprofundou nas últimas semanas nas eleições presidenciais.
Há os que defendam não apoiar ninguém, talvez os mais sensatos – mas esses não botam a cara pra fora para não ficar mal com as duas referências do MBL, o vereador Fernando Holiday, eleito com 48.055 votos nas eleições de 2016, e Kim Kataguiri, candidato a deputado federal pelo mesmo DEM.
Kataguiri empurrou o MBL para debaixo do toldo da Riachuelo, mas o toldo ruiu e o empresário pernambucano Flávio Gurgel Rocha, ex-deputado federal, ex-candidato à Presidência em 1994 e o nome favorito do Movimento Brasil Livre para ocupar o Planalto sumiu como produto em liquidação.
Sem chão, o MBL começou a flertar com o Partido Novo do milionário João Amoêdo, mas aí começou uma rebelião interna, liderada por Renan Santos, auto-intitulado coordenador nacional da entidade, que não aguentou o solavanco e decidiu botar a boca no trombone.
Ex-vice-presidente do Unibanco e membro do conselho de administração do banco e depois do Itaú-BBA, ex-homem forte da João Fortes, Amôedo era pule de dez, mas aí Renan Santos, se encheu de brios , correu para seus canais nas redes sociais, inclusive um certo “Boletim da Liberdade”, um dos informativos do partido, e avisou que apoiar Amoêdo, nem pensar.
Ele que se vende como o “principal estrategista do Movimento Brasil Livre” – Holiday e Kataguiri vão ter um piti -, postou nas redes sociais que Amoêdo não os representa. “Nosso modelo é diferente. Se fosse igual, estaríamos lá”, respondeu, daquela forma breve e lacônica dos ativistas do MBL.
Renan Santos já vem causando problemas internos ao MBL porque questiona a única boquinha garantida do movimento, a dupla Dória/Covas. Ele ficou conhecido por, em 2016, barrar Dória de um carro de som do MBL, que protestava contra o governo federal na Avenida Paulista. Renan vai ter agora uma síncope.
A coisa só piorou quando Geraldo Alckmin magnetizou o Centrão para sua coligação e, junto, o DEM, ancoradouro partidário do MBL. Em 2018, a principal aposta do MBL é na eleição de Kim Kataguiri e Arthur do Val, o tal “Mamãe Falei” – o cara que agrediu Ciro Gomes e depois se disse agredido -, como, respectivamente, deputado federal e estadual por São Paulo. Ambos são estrelas nacionais do movimento e disputarão pelo DEM.
Youtubers apoiadores do MBL estão denunciando a contradição, caso de um certo Samuel Borelli, conhecido no meio emebelista. Essa turminha não entende como o MBL, que foi massa da manobra do PSDB e da Fiesp no impeachment de Dilma, agora virou bucha do status quo que pensou derrubar, uma congregação partidária, que reúne, além do DEM, PP, PRB, PR, SD e quem mais vier, gente bacana como Valdemar Costa Neto, Paulinho da Força e Marcello Crivella. Deu o nó na cabeça da garotada.
Os internautas estão revoltados. “Kim e Arthur vão concorrer pelo DEM, que se aliou ao Alckmin e toda a escória do Centrão. O que vão fazer quando o DEM fechar questão e fizer voto de liderança em aumento de impostos, por exemplo? Para onde vai o liberalismo deles? Para o esgoto?”, perguntou Marcello Giacaglia, em um dos fóruns de discussão. Com a palavra, Holiday e Kataguiri.
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