Ministério Público pede investigação após ameaças contra Leonardo Sakamoto
Ministério Público pede que polícia investigue ameaças físicas e virtuais contra o jornalista Leonardo Sakamoto após fake news
Opera Mundi
O Ministério Público Federal em São Paulo encaminhou nesta quarta-feira (11/07) à Polícia Civil um pedido de investigação sobre ameaças virtuais e físicas contra o jornalista Leonardo Sakamoto após terem sido divulgadas notícias falsas sobre ele.
As ameaças ao jornalista se baseiam na falsa informação de que ele teria sido contratado pelo Facebook para realizar o serviço de checagem de fake news na internet. No Brasil, esse tipo de trabalho é feito pela Agência Lupa e Aos Fatos, empresas com as quais Sakamoto não possui qualquer vínculo.
Segundo depoimento do jornalista, que também foi encaminhado pelo MPF à Polícia Civil, desde maio deste ano, quando a iniciativa do Facebook de fazer checagem das fake news ganhou força, o nome de Sakamoto passou a circular em informações difundidas por perfis de diferentes redes sociais sendo acusado de ser “o responsável pela censura no Facebook“.
“Fui acusado falsamente não apenas de ser responsável por agências de checagem, mas também de estar usando-as para, em parceria com empresas de redes sociais, censurar pessoas e grupos. Isso atiçou ódio contra mim, gerando ameaças na internet e agressões verbais nas ruas. Ainda bem que não houve violência física, por enquanto”, afirmou o jornalista.
Além do depoimento, Sakamoto juntou prints de tela (arquivos de imagens) de algumas ameaças recebidas na internet, como uma que dizia: “É só me dar uma arma que meto uma bala no meio da cara desse Filho da Puta!“. O jornalista acionou também sua advogada que está tomando providências no campo cível.
Para o procurador regional dos direitos do cidadão Pedro Machado, “as fake news, para além dos prejuízos decorrentes da própria veiculação de informações falsas, ganharam proporções ainda mais graves no caso relatado pelo jornalista”.
“Isto nos mostra que junto com os benefícios de ampliação da comunicação, as redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas podem também gerar efeitos negativos muito graves, incitando situações que põem em risco a integridade física de pessoas. O caso ganha especial gravidade e preocupação porque trata-se de intimidação de jornalista, pois a liberdade de imprensa é um dos pilares da democracia”, afirmou.
Sakamoto lembra também que a mentira, na internet, pode durar indefinidamente acusações “como essa têm ‘cauda longa´, continuam circulando na rede muito tempo depois de terem sido criadas. Nesse caso, o ódio causado pela propagação da mentira sobre as agências de checagem resgatou outras, como a de que eu defendo a morte de aposentados – o que, inclusive, já havia sido levado a conhecimento do Ministério Público Federal em 2016. Desse caldo, surgem ameaças de morte”, disse.
Sakamoto é jornalista e ativista de direitos humanos. É colunista do site UOL, professor de jornalismo da PUC/SP, diretor da ONG Repórter Brasil, que denuncia o trabalho escravo, e conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão.
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