Redação Pragmatismo
Lula 12/Jul/2018 às 16:59 COMENTÁRIOS
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Lula venceu Sergio Moro nas redes sociais, revela estudo da FGV

Publicado em 12 Jul, 2018 às 16h59

Estudo da FGV mostra que, no domingo, Lula goleou Moro nas redes sociais. A discussão sobre os entraves jurídicos em torno do habeas corpus a Lula movimentou mais de 1,53 milhão de menções sobre o assunto. Posicionamentos críticos ao ex-presidente foram minoria

Fausto Macedo, Agência Estado

Desde a prisão de Lula, no dia 7 de abril, o debate sobre o petista apresentava progressiva diminuição de volume conforme passavam as semanas e mudavam os atores de foco nas discussões eleitorais. As sucessivas ordens judiciais em relação ao ex-presidente neste domingo, 8, romperam o percurso de queda da presença do petista no centro dos debates políticos do país, reconduzindo tanto Lula quanto o Poder Judiciário, e o juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, ao palco principal de atenção das redes sociais.

Os dados foram apurados e divulgados pela Fundação Getúlio VargasDiretoria de Análise de Políticas Públicas.

De 10h deste domingo às 11h desta segunda, 9, o impasse sobre a situação de Lula (se ainda preso ou solto) gerou 1,53 milhão de menções no Twitter, equiparando-se ao impacto do debate sobre o ex-presidente quando, em 5 de abril, o Supremo Tribunal Federal rejeitou o seu pedido de habeas corpus— entre 4 e 8 de abril, a média diária de referências a Lula foi de 956 mil tuítes.

O ex-presidente agregou em seu apoio mais de 60% dos 336.331 perfis que participaram da discussão.

A FGV-Dapp destaca que outros dois núcleos – laranja e cinza -, em que estão presentes publicações dos demais grupos pró-Lula, também participaram do debate com piadas e sátiras à situação política do país, dos poderes, da democracia e com foco específico em Moro e em integrantes do Judiciário.

Dentre os principais núcleos que interagiram entre domingo e segunda, cinco manifestaram posição favorável a Lula. O grupo em rosa, o maior do grafo sobre o debate, congregou 29,9% dos perfis e reuniu piadas, sátiras a Moro e ao Judiciário e exortações à libertação do ex-presidente, com perfil não necessariamente alinhado ao PT, mas sim à esquerda e com a presença de atores petistas e de outros partidos do mesmo espectro político.

O núcleo de militância do PT, com os dirigentes, parlamentares e nomes de relevância do partido, encontra-se em vermelho e reuniu 11,6% dos perfis.

Lula venceu Sergio Moro nas redes sociais, revela estudo da FGV

Nesse núcleo, foi expressiva a presença de robôs: 8,19% das interações do grupo são identificadas como suspeitas de automatização em forte atividade de compartilhamento de posições partidárias e de influenciadores.

O perfil do próprio Lula (@lulaoficial), que recentemente mudou de nome – antes, a conta de Lula se chamava @lulapelobrasil -, engajou grupo específico, em roxo, com 4,66% dos perfis do grafo.

É notável a diferença de posicionamento na rede entre Lula e os demais atores do PT, indicando relativo distanciamento entre os seguidores e os temas que cada lado do engajamento conseguiu atrair e mobilizar no debate”, destaca a FGV-Dapp.

No grupo petista, o principal foco de discussão foi o juiz Sérgio Moro, o Judiciário e as críticas à ‘violação da democracia e do estado de direito’ e ao descumprimento de uma decisão de instância superior, conforme determinado pelo desembargador Rogério Favreto, autor da ordem de soltura inicial para Lula, ainda na manhã do domingo.

O grupo que orbita a partir do perfil de Lula, por outro lado, publica hashtags e mensagens de ênfase à figura do ex-presidente, à sua força eleitoral e à necessidade de que ‘justiça seja feita’ com sua saída da prisão.

Em ambos os grupos, que comportam juntos 24,9% dos perfis (16,2% no grupo laranja, 6,7% no grupo cinza), há menor postura político-partidária ou analítica sobre o Brasil e maior ênfase ao aspecto inusitado da sucessão rápida de mandatos e réplicas judiciais, assim como à questão do cumprimento dos ritos da Justiça e a críticas às posições monocromáticas assumidas por diferentes magistrados.

Afora o grupo vermelho, em nenhum dos demais núcleos de apoio a Lula identificou-se mais de 0,8% de interações suspeitas de atuação de robôs.

Do outro lado, em azul, o grupo unificado de oposição ao ex-presidente e que defende Sérgio Moro reuniu 19,9% dos perfis do grafo.

Nesse núcleo, apesar da força de atores ligados a Jair Bolsonaro, interagem diferentes subgrupos e apoios políticos, interligados pela rejeição comum à soltura de Lula e ao PT.

Muitas das postagens que ajudaram a mobilizar esses diferentes grupos em conjunto vêm da imprensa tradicional, que acompanhou de perto as idas e vindas do caso — e, a cada atualização, despertava reações de ambos os lados.

Nesse grupo, também há críticas ao poder Judiciário e à fragilização das instituições, mas com foco em Favreto, e não em Moro ou na Lava Jato. Houve o reconhecimento de 2,95% das interações do grupo como feitas potencialmente por robôs.

Descrédito da Justiça

FGV-Dapp assinala que elemento central do debate sobre Lula, a reflexão sobre as instituições democráticas brasileiras e, em especial, sobre o poder Judiciário ‘foi intensamente mobilizada neste período’.

Foram, no total, 376 mil tuítes entre domingo e segunda destacando, mesmo sem mencionar Lula, a falta de legitimidade dos ritos da Justiça, a fragilização do estado de direito e a partidarização das instâncias de cumprimento da lei.

Inclusive, com referências não apenas a Moro, Favreto e aos demais magistrados envolvidos no vaivém de liberdade/prisão de Lula, mas também ao Supremo Tribunal Federal e à Justiça brasileira, de forma geral vista como lenta, privilegiando ricos e poderosos.

Apesar da polarização entre favoráveis e opositores a Lula, os dois lados do debate manifestam opinião muito semelhante sobre essa questão, com rejeição aos mesmos problemas, mas sob recortes totalmente opostos, segue o levantamento da FGV-Dapp.

Entre quem defende a liberdade de Lula, a conduta de Moro, dos desembargadores do TRF-4 e de boa parte do Judiciário brasileiro evidencia o poder das elites, a proteção a determinados partidos e políticos e a violação das garantias da Constituição e dos direitos democráticos.

Entre quem defende que Lula fique encarcerado, o que demonstra o privilégio dos poderosos é também a condução do processo do ex-presidente, que conseguiu muitos votos no STF favoráveis ao habeas corpus e recebeu decisão favorável neste domingo de um desembargador.

Também afirmam que a partidarização e ‘aparelhamento’ do PT nas instituições brasileiras são evidenciadas por Favreto e pelos movimentos políticos e de classe, no serviço público, de apoio a Lula, mesmo entre juristas, professores e magistrados.

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