Magno Malta desiste de ser vice de Bolsonaro e pode confundir voto evangélico
Considerado o “político com o maior prestígio entre evangélicos no Brasil”, Magno Malta anuncia desistência em compor chapa com Jair Bolsonaro
Geraldo Seabra, Os Divergentes
A desistência do senador Magno Malta (PR-ES) de ser o candidato a vice na chapa do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), reafirmada nesta quinta-feira (11) por seu gabinete, em Brasília, pode se tornar em grande obstáculo para as pretensões do deputado Jair Bolsonaro de subir a rampa do Palácio do Planalto.
Magno Malta, que já havia antecipado em conversas reservadas com o próprio Bolsonaro a possibilidade de rompimento do noivado, voltou a falar no assunto na última segunda-feira, desta vez publicamente, em entrevista à imprensa de Fortaleza após uma solenidade da qual participou na Assembleia Legislativa do Ceará.
O senador justificou sua decisão ao fato da sua mulher, a ex-deputada e cantora gospel Lauriete Rodrigues Maia (PR-ES) não se interessar em disputar sua cadeira no Senado, em outubro. Como ela prefere voltar à Câmara, o senador viu-se obrigado a concorrer à reeleição para garantir a continuação do seu mandato.
Considerado pelo influente pastor da comunidade evangélica Silas Malafaia o “político evangélico de maior prestígio no país”, a presença de Magno Malta na chapa de Jair Bolsonaro era sinônimo de um caminhão de votos de seus fiéis seguidores para o candidato do PSL. Se o partido de Magno Malta fechar apoio a outro candidato, esses votos poderão ser transferidos para a carroceria de outro caminhão.
A influência de Malta entre os evangélicos é incontestável. Uma pesquisa feita no ano passado pela FSB Comunicação apresenta o senador capixaba como o segundo parlamentar mais influente nas redes sociais entre os evangélicos, com 1,3 milhão de seguidores. O primeiro lugar é do deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do candidato, com 1,4 milhão de seguidores.
Mas outra pesquisa sugere que o peso dos evangélicos na candidatura de Bolsonaro deve ser relativizado. O levantamento feito no ano passado por professores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) durante a realização da Marcha para Jesus, para medir as atitudes políticas dos participantes, mostrou que 57% deles não confiavam no candidato.
Com Igual percentual do levantamento dos professores da Unifesp rejeitava também a ex-senadora evangélica Marina Silva (Rede), segunda colocada na última pesquisa Datafolha, os dois candidatos devem dividir de acordo com suas propostas os 43% dos evangélicos dispostos a embarcar numa candidatura presidencial.
Sem um projeto político ou econômico para o país, e agora sem a companhia de Magno Malta, restará a Bolsonaro escorar seu discurso de extrema direita em sua pregação homofóbica, na esterilização das mulheres pobres e provavelmente na eliminação de adversários aos moldes da ditadura, a partir do Palácio do Planalto.
Não lhe resta muita coisa. O ensaio de hastear a bandeira de defesa do regime militar como incorruptível afogou-se em recente denúncia do governo britânico que acusou a ditadura de impedir a investigação do pagamento de propina no episódio da compra de fragatas inglesas pela Marinha do Brasil.
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