Professora e pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB) Débora Diniz precisou deixar Brasília após ser agredida por extremistas de direita e ameaçada de morte. ONU divulgou nota de repúdio
Professora e pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB), Débora Diniz precisou deixar a capital federal após ser agredida por extremistas de direita e ameaçada de morte quando saía de um evento na última quarta-feira (18).
Débora era uma das selecionadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para falar a favor da descriminalização do aborto em audiência pública marcada para os dias 3 e 6 de agosto.
No início de junho, a pesquisadora havia registrado boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), quando foi xingada por perfis e páginas contrários à descriminalização do aborto no Brasil.
A coordenação do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da UnB e a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgaram notas de repúdio aos ataques e de apoio a Débora.
A reitoria da UnB afirmou que está acompanhando o caso desde o início das ameaças e que o levará para o Conselho de Direitos Humanos da universidade. “A reitora Márcia Abrahão encaminhou uma carta de apoio à professora Debora Diniz há algumas semanas e segue em contato com a docente”, diz nota encaminhada pela assessoria da instituição.
Na semana passada, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu a inclusão da antropóloga no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos do governo federal dada a gravidade das ameaças feitas a ela.
Débora Diniz é antropóloga e pesquisadora do Instituto de Bioética (Anis) e professora da Faculdade de Direito da UnB. É membro do Advisory Committee do Global Doctors for Choice, rede internacional de médicos que defendem os direitos reprodutivos e o acesso a cuidados abrangentes de saúde. É também integrante da International Women’s Health Coalition, organização pelos direitos das mulheres. As pesquisas dela são voltadas para bioética, feminismo, direitos humanos e saúde. É ainda vencedora do Prêmio Jabuti 2017 na categoria ciências da saúde para o livro Zika do sertão nordestino à ameaça global.
Leia a íntegra da nota da ONU:
“O Sistema das Nações Unidas no Brasil expressa a sua preocupação e repudia as manifestações de ódio e ameaças direcionadas à pesquisadora e professora da Universidade de Brasília (UnB), Debora Diniz. Ativista de longa data pela saúde pública e universal, é internacionalmente reconhecida por seu trabalho e ativismo em questões relacionadas à saúde e direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
Debora denunciou em junho às autoridades e meios de comunicação os ataques e ameaças de morte que vem sofrendo nos últimos meses por telefone, cartas e redes sociais. Ela também relatou insultos machistas e misóginos proferidos contra ela nesse contexto.
A ONU no Brasil considera inaceitáveis os ataques e ameaças feitas à professora, que ocorrem em um contexto de crescente número de assassinatos de defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil.
No marco da celebração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e dos 20 anos da Declaração sobre os defensores dos direitos humanos (1998), o Sistema das Nações Unidas no Brasil reafirma seu compromisso em apoiar o Estado brasileiro para fortalecer o Programa Nacional de Proteção a Defensoras e Defensores de Direitos Humanos e solicita às autoridades que sejam tomadas as medidas cabíveis para assegurar a proteção e a integridade de Debora Diniz, com a devida punição dos agressores.”
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