"Fiquei sem reação, abalada [...] saí de lá chorando". Vítima de racismo na loja C&A, Vitória, filha de Ivo Meirelles, falou sobre o caso e registrou um Boletim de Ocorrência. Pai se pronunciou
Filha do cantor Ivo Meirelles, a jovem Vitória relatou ter sido vítima de racismo na última segunda-feira (23) em uma loja C&A localizada no centro do Rio de Janeiro.
“Foi um grande constrangimento, algumas pessoas notaram. Na hora eu fiquei muito abalada, sai da loja chorando. Não tive reação a não ser sair da loja. Mas agora preciso sim tomar uma atitude para que isso não aconteça mais com nenhuma pessoa ali”, disse a jovem de 23 anos.
A princípio, Vitória havia apenas decidido divulgar o episódio nas redes sociais. Após publicar o relato (leia a íntegra abaixo), ela foi encorajada por internautas a levar o caso adiante.
“Estou indo hoje atrás das autoridades. Depois que expus essa situação na internet diversas pessoas negras relataram que também já passaram por isso. Eu não aguento mais ver esse tipo de situação”, disse.
Ivo Meirelles
Indignado, o pai de Vitória usou as redes sociais para prestar solidariedade à filha e desabafou. “Uma vergonha. Acabei de saber que uma funcionária, loura, perseguiu a minha filha e chegou a invadir o provador, achando se tratar de uma ladra, apenas pela cor da pele. Para quem já teve um garoto-propaganda negro, isso é uma aberração. O ocorrido foi na loja do centro do Rio, que fica na Rua do Ouvidor 186”, disse Ivo, garantindo que abriria um Boletim de Ocorrência.
A íntegra do relato de Vitória Meirelles:
Mais um caso de racismo (nenhuma novidade) e desta vez foi comigo. Pois é, na C&A do centro da cidade. Entro na intenção de comprar camisetas brancas e durante todo o tempo em que as busco, uma segurança/supervisora, branca, de cabelos loiros, anda atrás de mim por cada canto da loja.
O absurdo é tamanho que até no provador ela entrou quando fui experimentar. Depois de notar que na fila para pagar as camisetas, ela não saía do meu lado, entendi que o problema era eu. Após pagar, decidi testar uma última vez se aquilo realmente estava acontecendo. Então quando resolvi ir na parte da coleção nova, já estava ela de canto, parada, me encarando. E o pior de tudo são as pessoas olhando para minha cara como se eu realmente fosse uma suspeita.
A sensação de impotência e humilhação é tão grande que a vontade de chorar vem sem a gente querer, mas como um bom fruto do Morro da Mangueira, que quem me conhece já sabe, parada na porta da loja me fiz ser entendida. Com dois seguranças negros parados ali, perguntei em alto e bom tom se ela estava com algum problema comigo, se era o tom da minha pele ou a característica das minhas vestes. A revolta é gigante, mas sigo firme. Racistas não passarão.
Nota da C&A
Após a repercussão do caso, a C&A divulgou a seguinte nota:
Nós, da C&A, repudiamos qualquer tipo de preconceito, seja ele por raça, cor e/ou religião. O respeito às pessoas e à diversidade faz parte dos nossos valores e enxergamos a moda como uma plataforma de expressão da individualidade de cada um, à sua maneira. Trabalhamos para que a experiência dos nossos clientes na loja seja sempre a melhor possível. Por isso, estamos averiguando o fato para tomar as medidas cabíveis.
Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook