Michel Temer pega carona na Copa do Mundo e toma goleada de críticas. O presidente até tenta, mas fracassa a cada tentativa de melhorar sua imagem diante da opinião pública
O presidente Michel Temer (MDB) até tenta, mas parece fracassar a cada tentativa de melhorar sua imagem diante da opinião pública. Depois de gastar milhões em publicidade sobre o que considera realizações de seu governo, entre elas a natimorta reforma da Previdência, agora a estratégia do emedebista é pegar carona no momento de alegria que a seleção brasileira de futebol gera a cada vitória na Copa do Mundo. Mas até neste campo o presidente tem tropeçado: a cada jogo, uma postagem e milhares de reações negativas.
O Brasil já venceu três partidas depois de estrear com um empate, e já avançou para as quartas de final. E, a cada triunfo brazuca, lá está Temer nas redes sociais em fotos com amigo, parentes ou assessores. E também lá estão internautas a desferir críticas – algumas delas impublicáveis – ao presidente e seu governo, recordistas em rejeição popular. Segundo a mais recente pesquisa Ibope, apenas 4% dos entrevistados aprovam a gestão emedebista, um recorde histórico.
“Vitória suada e merecida! Valeu, Seleção!”, lê-se na foto publicada por Temer (ou alguém de sua equipe) no Twitter, em texto acompanhado por uma bandeira brasileira. Na imagem em questão, dois convivas são presença certa ao lado do presidente: os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Gustavo Rocha (Direitos Humanos), que têm assistido à Copa com Temer desde o primeiro jogo (empate com a Suíça em um gol).
A reação negativa aos posts de Temer são regra, embora haja quem reaja positivamente às publicações. Em um dos registros, o internauta identificado como Omar Batista despeja sua revolta: “O país cheio de problemas e vcs, seus vagabundos, fazendo farra com dh público. Vão pra PQP.”
“Gostaria de saber o que sente esse povo ao torcer pela entidade que saqueou o Brasil junto com vocês, seus safados. #PaoECirco!“, escreveu “George Tech05”.
O “fora, Temer” voltou com força com a Copa, ao menos nos registros do presidente nas redes sociais. Na mesma foto, o usuário “Gab_Dead” brinca com o lema, deixando de lado a regra da vírgula. “Qual foi sua reação quando Neymar chutou aquela bola pra fora Temer?”
Turma do deixa disso
Mas Temer também tem apoio nas redes, embora a maioria dos registros no Twitter seja negativa. Já no Facebook, onde alternativas de reação são seis (curtir, “amei”, risada, espanto, choro e raiva), não há a interação da raiva, mas abundam comentários negativos, o que sugere edição por parte de quem controla a página. Na postagem do Facebook, Temer (ou alguém de sua equipe) repete a mesma frase do Twitter e acrescenta: “Acertei o placar“.
Em frases, memes e gifs (vídeos curtos que se repetem), o apoio geralmente ironiza adversários do presidente, como mostra a imagem autoexplicativa abaixo, postada por alguém identificado como Val_Ce1.
No jogo contra a Sérvia, em 27 de junho, Eliseu e Gustavo estão com Temer e comemoram de maneira contida a vitória do Brasil por dois a zero. Ao contrário de segunda, 2, só os três são enquadrados na foto (veja abaixo). Mas, a exemplo do registro desta segunda-feira, os comentários raivosos e irônicos contra Temer inundaram a postagem, que chega a milhares de interações no Twitter e no Facebook.
“Alemanha já tá fora, só falta o Temer”, escreveu a internauta denominada Vic Moreira no Twitter.
“Como assim vc torce pelo Brasil?????“, questiona outra internauta, de nome cujo idioma a reportagem não conseguiu identificar (“йцоёмыа”), dirigindo-se ao presidente. “É que a Transilvânia não tá na copa“, responde “MorLucas”, referindo-se ao país vampiresco da ficção.
Impopularidade presidencial
Investigado em dois inquéritos ativos e alvo de duas denúncias à espera de consecução no Supremo Tribunal Federal (STF), Temer é o presidente da República mais rejeitado em pesquisas de opinião da história do Brasil. Rodeado de aliados investigados ou presos, o emedebista ainda conta com o apoio de uma base governista cada vez mais distante do Palácio do Planalto à medida que as eleições se aproximam.
Sem conseguir emplacar as reformas que desejava (previdenciária, tributária etc), o presidente tem se preocupado com o avançar das investigações da Operação Lava Jato e a possibilidade de virar réu quando deixar o mandato. Enquanto isso, vê despencar sua popularidade, com avaliação negativa tendo atingido 79% na mais recente pesquisa Ibope. Na anterior, divulgada em abril, registrava 72% de rejeição. Apenas 4% dos entrevistados avaliaram o governo como ótimo ou bom, índice superior ao de ex-presidentes como Fernando Collor e José Sarney.
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