Racismo não

Jovem sofre ataque racista apenas por ter errado nome de paciente

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"O dia mais humilhante e nojento da minha vida. Me vi, pela primeira vez, no chão, aos prantos". Jovem de 22 anos sofre ataque racista pelo simples fato de ter errado a pronúncia do nome de uma paciente em uma clínica

Vítima de racismo, Ingrid Carriel publicou desabafo e está processando a agressora

“O dia mais humilhante e nojento da minha vida. E olha que era para ser apenas mais um dia de trabalho, como todos os outros”.

A frase acima foi extraída do depoimento de Ingrid Carriel, uma jovem negra de 22 anos que sofreu um ataque racista na última quinta-feira (2) apenas por ter errado o nome de uma senhora branca.

O caso aconteceu em uma clínica odontológica na cidade de Limeira (SP), onde a vítima trabalha como recepcionista.

Na ocasião, uma mulher de 70 anos sentiu-se incomodada e atacou Ingrid porque ela trocou uma letra de seu nome. A paciente começou a ofendê-la aos gritos, diante de todos que estavam no local.

A idosa teria se dirigido à jovem com expressões como ‘boneca de negrão’ e ‘negrinha’, dizendo que era para ela ‘chamar a polícia, porque não iria dar em nada’. Diante do flagrante episódio racista, um dentista da clínica decidiu acionar a Polícia Militar.

A vítima denunciou o caso na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e também publicou um desabafo nas redes sociais. Leia a íntegra abaixo:

02/08/2018 -> O dia mais humilhante e nojento da minha vida. E olha que era para ser mais um dia de trabalho, apenas, como todos os outros. A sempre vê na tv, nas redes sociais, quando alguém comete um ato como RACISMO, e se revolta, né? A gente faz vários questionamentos do tipo: “como pode alguém fazer isso com outra pessoa?”. Mas pode, viu? Na verdade não pode, mas fazem! E quem ouve, é ferida na alma.

Gente, NÃO É VITIMISMO. Uma senhora de 70 anos, hoje, 2/8/2018, me humilhou na frente de outras pessoas, usando palavras como “negrinha”, “boneca de negrão” e “ela não é negrinha mesmo?”. O motivo: eu errei a pronúncia do nome dela. Sim, somente por isso.

E vocês acham que ela disse isso na delicadeza? Foi aos berros! Eu me vi, pela primeira vez, no chão, aos prantos. Eu sou forte, mas não podia acreditar que estava ouvindo aquilo, no meu local de trabalho, aos 22 anos de idade, no século 21.

Além de NEGRA (com muito orgulho, viu?), sou uma filha (de pais ADOTIVOS BRANCOS), sou uma profissional e, acima de tudo, sou ser humano. Eu não sou diferente de nenhuma pessoa em absolutamente nada, e sou extremamente feliz. Quero dizer para vocês que já passaram por essa situação, que não deixem impune. Essa senhora, hoje, vai responder a um processo. Porque eu não vou me calar.

Eu gostaria de agradecer a todas as pessoas que estavam lá e tanto me apoiaram. É por existir pessoas tão especiais assim, que é difícil acreditar que ainda existam no mundo tantas frutas podres.

Ingrid também concedeu uma entrevista ao site ‘Rápido no Ar’. Assista:

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