Concurso da PM do Paraná tem “masculinidade” como critério de avaliação. Segundo o edital, os candidatos que querem ingressar na corporação não podem se emocionar facilmente nem devem gostar de histórias de amor
Foi divulgado nesta segunda-feira o edital do concurso público da Polícia Militar do Paraná. Uma característica exigida no documento causou polêmica: a “masculinidade” aparece como um dos 72 critérios da avaliação psicológica.
No edital, uma característica de avaliação do perfil para ocupar o cargo é descrita como a “capacidade de o indivíduo em não se impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades, não emocionar-se facilmente, tampouco demonstrar interesse em histórias românticas e de amor”.
Um dos mais concorridos do estado, com salário que pode chega a 9.500 reais, o concurso oferece 16 vagas, com duas reservas para afrodescendentes e abertas para todos os gêneros. No entanto, até 50% delas podem ser preenchidas por mulheres.
Segundo nota do Aliança Nacional LGBTI+ e do Grupo Dignidade, a exigência desconsidera a candidatura de mulheres ou pede que elas tenham características consideradas masculinas.
“Fere a Declaração Universal de Direitos Humanos e a Constituição Federal Brasileira no que diz respeito à igualdade de todas as pessoas, além de estar na contramão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU) em relação ao alcance da igualdade entre os gêneros”, diz a nota.
A avaliação psicológica da PM é feita por psicólogos, civis e/ou militares inscritos no Conselho Regional de Psicologia (CRP). O órgão vai discutir seu posicionamento sobre o edital.
Para o portal G1, a coordenadora da Comissão de Avaliação Psicológica do CRP-PR, Mari Angela Calderari Oliveira, informou que alguns itens estão em desacordo com normas para a avaliação para concurso público.
Ela destaca a questão discriminatória de gênero do item “masculinidade” e a dificuldade de análise objetiva dos candidatos.
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