Polícia investiga grupo de estudantes que combinava cometer estupros na universidade. Por meio de aplicativo de mensagens, jovens determinavam quando cometeriam os atos e quem seriam as vítimas. Agressores também publicavam comentários contra negros
Um grupo de jovens da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), no Pará, está sendo investigado por combinar e cometer estupros no campus da instituição de ensino superior.
A polícia civil recebeu diversas denúncias de alunas e decidiu abrir uma investigação. De acordo com os relatos, os rapazes tinham um grupo em aplicativo de mensagens para combinar quando seriam os abusos e quais seriam as vítimas.
O histórico das conversas vazou nas redes sociais e provocou revolta. Segundo a denúncia, o grupo reunia alunos de vários cursos da universidade. Imagens de alunas nuas também foram compartilhadas. As mensagens possuíam teor machista e faziam incitação ao estupro.
“Bora logo meter o estupro” e “Come ela por todos nós”, são algumas das mensagens registradas. Outra pessoa retruca e fala “Estupro não. Sexo surpresa”.
Em outros comentários é possível ler frases de teor racista como “Aí depois me perguntam por que não gosto de preto” e “Tô querendo comprar um anão. Acho que branco deve tá caro. Um negro deve ser mais barato”.
Uma estudante, que preferiu não se identificar, divulgou um desabafo: “Isso não é fofoca. Isso coloca em risco a vida dessas garotas. É deprimente essa situação numa universidade. Estamos sem proteção. Em um ambiente universitário essas coisas ainda acontecem infelizmente”.
Depoimentos
Na última segunda-feira (13), a polícia civil colheu depoimentos de dois dos suspeitos de integrar o grupo pró-estupro. Informações atualizadas das investigações apontam que oito vítimas registraram ocorrência até então e cinco estudantes já foram identificados.
O reitor da Ufra, Marcel Botelho, disse que “a universidade repudia totalmente esse tipo de ação”. “Nós não podemos cultivar a cultura do ódio. Não se pode combater crime com crime. O caso precisa ser investigado para que sejam tomadas as medidas certas”, afirmou.
Em nota, a UFRA disse que repudia ações de apologia a crimes feitas por meio de aplicativos de celular, pelos quais incorrem em comentários de cunho capcioso, ilegal e indignos à pessoa humana, além de apresentarem-se inadequados ao ambiente acadêmico.
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