Eleições 2018

Funcionária de Bolsonaro estava em loja durante horário de expediente na Câmara

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Em rede nacional, Guilherme Boulos revelou ao Brasil que Jair Bolsonaro mantinha uma funcionária fantasma. Visivelmente incomodado, o candidato ignorou a denúncia. Jornal confirmou o caso nesta segunda-feira e o presidenciável anunciou a demissão da mulher

“É importante que o Brasil saiba: quem é a Wal, Bolsonaro?”, questionou Guilherme Boulos. Mulher foi demitida nesta segunda-feira

No primeiro debate entre os presidenciáveis na Band, Guilherme Boulos (PSOL) revelou que Jair Bolsonaro (PSL) mantinha uma funcionária fantasma paga com dinheiro público. “É importante que o Brasil saiba: quem é a Wal, Bolsonaro?”, questionou Boulos. Visivelmente incomodado, o candidato ignorou a denúncia.

Nesta segunda-feira (13), Walderice Santos da Conceição foi demitida. A assessora fantasma estava lotada no gabinete de Bolsonaro na Câmara.

No debate da Band, Bolsonaro mentiu ao negar que Walderice fosse funcionária-fantasma. “A senhora Wal, senhora Walderice, é uma funcionária minha que mora em Angra dos Reis”, disse o candidato.

Pelo site da Câmara, Walderice aparece como secretária parlamentar desde 2003. Na folha de pagamento de julho, a remuneração bruta foi de R$ 1.416, 33. O site também indica que ela recebeu R$ 982,29 a título de “auxílios”, não especificados.

Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo encontrou Walderice nesta segunda-feira (13) em sua loja de açaí na região de Angra dos Reis na hora do expediente da Câmara dos Deputados. A mulher foi demitida instantes depois da publicação da matéria.

Pelas regras da Câmara, cada deputado pode contratar, com a verba de gabinete, entre 5 e 25 secretários parlamentares para prestar serviços de secretaria, assistência e assessoramento. A jornada de trabalho deve ser de até 40 horas semanais, cumpridas no local determinado pelo parlamentar.

“Confissão de culpa”

Para Josias de Souza, jornalista do UOL, a demissão de Walderice vale como uma confissão de culpa de Jair Bolsonaro.

“Sete meses depois de ter sido pendurada nas manchetes como funcionária fantasma do gabinete parlamentar de Jair Bolsonaro, Walderice Santos da conceição, a Wal, foi enviada ao olho da rua. Seu afastamento tem o peso de uma confissão tácita de Bolsonaro, que assegurava a regularidade da contratação da pseudo-assessora e negava o desperdício de dinheiro público”, escreveu Josias.

“Os apologistas de Bolsonaro costumam chamá-lo de “mito”. Como se sabe, mitos são criações surgidas de narrativas fantasiosas, com traços sobrenaturais. No caso de Bolsonaro, a realidade é mais incrível do que a lenda. É como se a perfeição e a ambição tivessem encontrado num projeto político para dar à luz não um mito, mas um mitômano”, acrescentou o jornalista.

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