A jovem Jandira Magdanela saiu de casa para fazer um aborto clandestino e não voltou mais. Nesta sexta-feira, três pessoas foram condenadas por sua morte
Três pessoas foram condenadas por um júri popular nesta sexta-feira (10) pela morte da jovem Jandira Magdalena dos Santos Cruz, de 27 anos. A vítima morreu após um aborto clandestino realizado no Rio de Janeiro. O caso foi noticiado em 2014 no Pragmatismo Político.
Além de responderem pela morte no procedimento ilegal, os condenados cometeram outro crime: carbonizaram o corpo de Jandira, que foi encontrado semanas depois em um carro na Rodoviária de Campo Grande, Zona Oeste do Rio. Antes do julgamento, a irmã de Jandira, Joyce Magdalena dos Santos Lima, de 36 anos, falou com a imprensa:
“A expectativa é muito grande para que a Justiça seja feita. A Jandira já foi e não volta mais. Nesses quatro anos, estamos levando na medida do possível. As duas filhas dela (que hoje têm 15 e 13 anos) estão fazendo tratamento psicológico. Mas, mesmo com todo o suporte, não se tampa o buraco da perda dela. Minha mãe deu alguns depoimentos ao longo dos anos e ela disse que ver os assassinos na minha irmã foi muito chocante pra ela. Verei quem matou a minha irmã, pessoalmente, pela primeira vez. É estranho isso”.
Rosemere Aparecida Ferreira foi condenada a 35 anos e seis meses de prisão. Vanusa Vais Baldacine pegou 15 anos e 6 meses e Carlos Augusto Graça 26 anos e seis meses.
“Eles eram uma quadrilha organizada e valeram-se da vulnerabilidade de mulheres que, muitas vezes em situação de desespero, como é o caso aqui retratado, submeteram-se à ´clínica´. Além de realizar atividade ilícita, a quadrilha operava com cirurgião sem diploma em medicina, sem qualquer cuidado com higiene e assepsia, instaurando um verdadeiro açougue humano, expondo a risco inúmeras mulheres. Tudo visando o lucro fácil”, disse o juiz ao ler a sentença.
A mãe de Jandira disse que considerou o julgamento justo. “A justiça foi feita, agradeço muito a Deus, mesmo sabendo que isso não vai trazer minha filha de volta. Mas é um consolo pro meu coração saber que outras não vão morrer mais”, afirmou Ângela Magdalena.
Relembre o caso
No dia 26 de agosto de 2014, Jandira, então grávida de cinco meses, saiu de casa para realizar o procedimento de aborto em uma clínica ilegal em Campo Grande e não voltou mais. Segundo a investigação, ela entrou em um carro na Rodoviária do bairro da Zona Oeste do Rio em direção a uma clínica ilegal. O procedimento teve complicações e ela acabou morrendo.
Para ocultar vestígios da morte, o grupo envolvido no crime carbonizou o corpo de Jandira em um carro, que foi encontrado em Mangaratiba. Após exames de DNA com material genético da mãe da vítima, foi confirmada que o corpo encontrado, sem os membros, era de Jandira.
Oito mulheres em um só dia
Durante as investigações, a polícia informou que tinha descoberto que Rose, como Rosemere era conhecida, fazia contatos com as clientes por telefone e chegava a marcar de seis a oito atendimentos por dia.
Os procedimentos eram realizados no quarto de uma casa alugada em Campo Grande, pelo qual ela pagava R$ 3 mil por dia de uso. As grávidas eram levadas por outra integrante do grupo em um Gol, veículo que Jandira foi levada e no qual seu corpo teria sido encontrado carbonizado.
Segundo informações da polícia, os abortos eram feitos com a ajuda de um médico e todo o material era levado para a clínica a cada dia de atendimento.
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