Delmar Bertuol*, Pragmatismo Político
Nas duas oportunidades em que votei para deputado federal, 2010 e 2014, digitei a legenda 50. Acho que o PSOL é um partido de esquerda progressista que realmente faz oposição responsável. Merece muito mais representação no Congresso. Ou melhor, o Brasil merece que esse partido tenha mais participação.
Só que, assim como precisamos que o PSOL se fortaleça cada vez mais, também é benéfico aos trabalhadores que o maior e mais poderoso partido que nos representa volte ao protagonismo lhe tirado por campanhas difamatórias, pelo Golpe e por mais campanhas difamatórias, nessa ordem.
O PT, como todos os grandes partidos, é formado por várias pessoas, algumas com índoles questionáveis. Logo, como nos demais, infelizmente, teve, tem e terá problemas. Embora os partidos não sejam corruptos, pois inimputáveis criminalmente (pessoas, não instituições, cometem crimes), é compreensível que eleitores petistas dantes cativos tenham um sentimento de decepção, tanto com atos feitos como por atos deixados de fazer por pessoas do partido e pelos governos Lula e Dilma.
Só que, assim como os maiores prejudicados com o Golpe foram os trabalhadores, o mesmo ocorre com o declínio petista. As brechas deixadas por ele estão sendo ocupadas por partidos e políticos antagônicos à sua bandeira, defendendo um conservadorismo anacrônico e uma agenda notadamente comprometida com o (deus) mercado, não com os pobres e/ou assalariados.
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E uma dessas lacunas está sendo ocupada por pensamentos retrógrados não só no que tange a economia, mas também aos costumes, com uma visão feudal de sociedade. Essa corrente persegue grupos minoritários; à ela, o patriarcalismo parece ser o ideal de organização social; e defende o combate à violência com, e somente com isto, repressão ainda mais violenta. A esse grupo, a violência passa ao largo de questões de desigualdade e falta de acesso.
Nunca votei nela, mas sempre torci para que se elegesse ao Legislativo, como felizmente ocorreu. Depois da discussão que teve com o mito de poucas e insuficientes palavras nos debates (estratégia pra não falar besteira), virou símbolo de combate ao pensamento estuprador da sociedade (pensamento, esse, reproduzido por mulheres, muitas vezes, lamentavelmente). Ela não merece ser estuprada. Ela não merece os rótulos e os estigmas que a colocam. Não, ela não defende bandido e nem tampouco quer levá-los pra casa. Ela os quer presos. Mas não só os criminosos pretos e favelados. Ela quer punição a todos que a mereçam. Ela, mais do que ninguém, defende aquilo que propagam alguns sem nem mesmo ter noção do que se trata, o estado democrático de direito.
Para antagonizar com as propostas de atraso humanitário e social em voga, este ano votarei em Maria do Rosário para deputada federal gaúcha.
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*Delmar Bertuol é professor de história da rede municipal e estadual, escritor, autor de “Transbordo, Reminiscências da tua gestação, filha”
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