Lojas Americanas venderam camisetas pró-Bolsonaro e anti-Lula. Após a repercussão, empresa negou se tratar de posicionamento político institucional e retirou as peças do estoque
Laura Castanho, CartaCapital
Os eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) parecem ter encontrado na moda uma forma de se expressar no mundo offline. Eles têm à disposição, no site da gigante do varejo Lojas Americanas, pelo menos 37 camisetas defendendo as posições do deputado federal e candidato à presidência da República.
As peças têm inspiração estética em bandas de rock, como o modelo que imita a camiseta-símbolo do grupo punk Ramones. Em vez do nome dos integrantes da banda, como no modelo original, consta o lema bolsonarista “Deus acima de todos / Brasil acima de tudo”. A águia americana, por sua vez, foi trocada por uma estrela com a data de proclamação da República.
Os filmes de ação também parecem ter inspirado os designers. Há referências aos longas “Eu sou a lenda” e “O poderoso chefão”, além de “Capitão América”. Bolsonaro, o “capitão Brasil”, é retratado com rifles, fuzis e óculos escuros sobre fundos verde-amarelos em várias das estampas.
Os clientes que preferirem exibir seu antagonismo ao PT, por outro lado, podem contar com 26 modelos de camisetas anti-Lula. Essa modalidade é um pouco mais repetitiva. As estampas consistem em variações do mesmo desenho de uma mão com quatro dedos rodeada por uma tarja de proibido. As legendas variam de “Xô Lula!” a “Fora ladrão”.
A revista CartaCapital apurou que, no caso das camisetas de Bolsonaro, mais de uma empresa é responsável por fabricar e fornecer as peças. Elas não são produzidas pelas Lojas Americanas, mas revendidas em modelo de marketplace. Funciona como uma espécie de shopping center digital, no qual as Americanas concentram diversas lojas (ou sellers, no jargão corporativo).
Uma das empresas que fornecem as peças pró-Bolsonaro é a Di Nuevo, confecção de camisetas familiar com sede em Volta Redonda (RJ). O proprietário da loja, que não quis ser identificado, confirmou o modelo de vendas e afirmou que não tem autorização da equipe do candidato. “A gente faz de acordo com o que os clientes pedem. É uma empresa de pedidos personalizados. A gente tem camisetas do Lula também”, afirmou.
Procurada, a assessoria de imprensa das Americanas afirmou, por telefone, que “com certeza” os produtos não correspondem a uma posição política da empresa, e que irá averiguar se houve uma quebra na sua política de marketplace.
Após o contato da reportagem, a empresa removeu as camisetas que faziam referência a Lula e algumas de Bolsonaro. Aos curiosos, os modelos antes da remoção podem ser vistos aqui e aqui.
A assessoria das Lojas Americanas emitiu a seguinte declaração:
“A companhia desautoriza a venda de qualquer material de campanha política. Os produtos foram retirados dos sites e os sellers, suspensos“.
Leia também:
Pabllo Vittar rompe com empresa por causa de Jair Bolsonaro
A mensagem de WhatsApp que quase implodiu a campanha de Bolsonaro
Dono da Centauro declara voto em Bolsonaro e faz comparação com Lula
Empresário flagrado com menina de 13 anos é mais um “cidadão de bem”
Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook